Estudo Brasileiro: Omissão da dexametasona no tratamento semanal com paclitaxel em pacientes com câncer de mama localizado não resulta em aumento da incidência de reações alérgicas. Dra. Ana Luisa Baccarin, comenta - Oncologia Brasil

Estudo Brasileiro: Omissão da dexametasona no tratamento semanal com paclitaxel em pacientes com câncer de mama localizado não resulta em aumento da incidência de reações alérgicas. Dra. Ana Luisa Baccarin, comenta

2 min. de leitura

As pacientes com câncer de mama que recebem terapia semanal com paclitaxel podem experimentar efeitos deletérios associados ao uso profilático de dexametasona por 12 semanas consecutivas. Aproximadamente 90% das reações de hipersensibilidade ao paclitaxel ocorrem nos primeiros 10 a 15 minutos das duas primeiras infusões. Com base nesses dados, foi proposta a condução de um estudo no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) de São Paulo, que avaliou a viabilidade da retirada de dexametasona da 3a a 12a semana do paclitaxel semanal na dose padrão de 80mg/m2, nas em pacientes com câncer de mama realizando tratamento com intuito curativo (neoadjuvante ou adjuvante).

Durante o estudo, 25 pacientes receberam profilaxia intravenosa com 20 mg de dexametasona, 50 mg de ranitidina e 50 mg de difenidramina nas primeiras 2 semanas de tratamento. Na ausência de efeitos adversos graus 3 ou 4 nesse período, a dexametasona foi suprimida entre as semanas 3 e 12, enquanto a ranitidina e a difenidramina permaneceram nas mesmas doses anteriormente citadas. O end point primário foi a incidência de reações de hipersensibilidade de qualquer grau durante todo o período de tratamento, e os end points secundários foram a qualidade de vida e variação de peso, comparando-se os períodos “dexa-on”(semanas 1 e 2) versus “dexa-off” (semanas 3 a 12).

No total, 25 pacientes foram inseridas no estudo e 300 ciclos de infusão de paclitaxel foram avaliados. A incidência global de reações de hipersensibilidade foi de 0,6% (2 eventos), e ambas ocorreram na primeira semana (período “dexa-on”). Não houve reações graves (graus 3 e 4) ou reações anafiláticas em todo o estudo.

As pontuações do questionário EORTC QLQ-C30 não se alteraram substancialmente para os domínios de saúde global e qualidade de vida; já para as escalas funcionais, houve diferença estatisticamente significativa. Não houve alterações de peso clinicamente relevantes durante o período de tratamento.

A Dra Ana Luísa de Castro Baccarin, preceptora da residência de Oncologia Clínica do IBCC, autora principal do estudo, afirma que a retirada da dexametasona entre as semanas 3 e 12 do paclitaxel semanal mostrou-se segura e viável, tornando-se especialmente interessante para o subgrupo de pacientes nas quais os efeitos colaterais dos corticóides são indesejáveis (obesas, diabéticas, portadoras de alterações cognitivas, distúrbios do sono e osteoporose), o que pode se traduzir em ganho de qualidade de vida. Por outro lado, os próprios autores do estudo ressaltam a importância de serem realizadas pesquisas com amostras maiores, para a confirmação dos resultados.

O estudo foi publicado na revista Supportive Care in Cancer no mês de agosto e além da Dra. Ana Luísa de Castro Baccarin, teve como segundo autor o Dr. Macilon Nonato Irene, que conduziu o levantamento dos dados e apresentou os resultados em seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). A equipe no IBCC é liderada pelo Dr Auro del Giglio, que também foi um dos autores.

Acesse a publicação desse estudo.