Pembrolizumabe no cenário do câncer de cérvice uterina - Oncologia Brasil

Pembrolizumabe no cenário do câncer de cérvice uterina

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KEYNOTE-826 é um estudo de fase III que avaliou o uso de pembrolizumabe mais quimioterapia em pacientes com câncer de cérvice uterina persistente, recorrente ou metastático

Pembrolizumabe é um anticorpo monoclonal anti PD-L1 que demonstrou eficácia em pacientes com câncer de cérvice uterina que progrediram doença durante a quimioterapia. Esse estudo clínico buscou avaliar o benefício da adição de pembrolizumabe, com ou sem bevacizumabe (anti-VEGF), durante a quimioterapia. 

KEYNOTE-826 é um estudo de fase III, duplo cego e controlado por placebo, que avaliou em pacientes com câncer de cérvice uterina persistente, recorrente ou metastático a adição de pembrolizumabe, 200mg a cada 3 semanas por até 35 ciclos, ou placebo mais quimioterapia (QT) baseada em platina, com a possibilidade receberem bevacizumabe concomitantemente. Os pacientes randomizados em 1:1 em foram estratificados de acordo com o status de PD-L1. Os desfechos primários do estudo foram a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG), avaliadas de acordo com o score de positividade de PD-L1. 

Nos 548 pacientes com o score positivo para PD-L1 de 1 ou mais, a SLP foi de 10,4 meses com pembrolizumabe e de 8,2 meses no grupo placebo (IC 95%; HR 0,62). A SG em 24 meses foi de 53% e 41,7%, respectivamente (IC 95%, HR 0,64). Nos 617 pacientes da população com intenção de tratar, a SLP foi similar, de 10,4 meses com pembrolizumabe e 8,2 meses no grupo placebo (IC 95%; HR 0,62). A SG em 24 meses foi de 50,4% e 40,4% (IC 95%; HR 0,67) para pembrolizumabe e placebo, respectivamente. Nos 317 pacientes com uma positividade de PD-L1 de 10 ou mais, a SLP foi de 10,4 meses com pembrolizumabe e de 8,1 meses no grupo placebo (HR 0,58;IC 95%: 0,44-0,77). A SG em 24 meses foi de 54.4% e 44.6% (IC 95%; HR 0,61), respectivamente.  

A análise crítica desse estudo permite concluir que o uso de imunoterapia com pembrolizumabe aumenta significativamente, em cerca de 10%, a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global, independentemente do uso concomitante de bevacizumabe. De forma secundária e ainda incipiente na falta de estudos mais densos, o score de positividade do PD-L1 parece não influenciar as taxas de aumento de SLP e SG, de maneira similar ao que já ocorre em outros tumores sólidos sensíveis à imunoterapia. 

 

Referências:  

Colombo N, et al., Pembrolizumab for Persistent, Recurrent, or Metastatic Cervical Cancer. N Engl J Med. 2021 Sep 18. doi: 10.1056/NEJMoa2112435. Epub ahead of print. PMID: 34534429.