O câncer de mama triplo negativo é sabidamente um subtipo agressivo com altas taxas de recidiva e a terapia padrão ainda se baseia na quimioterapia. Múltiplas evidências científicas corroboram o efeito positivo da resposta patológica completa obtida com quimioterapia neoadjuvante ao se associar a menores taxas de recorrência. Deste modo, novos regimes são explorados para almejar melhores desfechos inclusive como taxa de resposta patológica completa como desfecho substitutivo para sobrevida. Terapias explorando via PD-1/PD-L1 já se mostraram efetivas no estádio metastático e novos estudos exploram agora o benefício no cenário neoadjuvante.
O Keynote 522, estudo fase 3, multicêntrico, recrutou 1174 pacientes câncer de mama triplo negativo, com idade igual ou superior a 18 anos, e doença não metastática sem tratamento prévio para serem submetidas a uma randomização 2:1 recebendo terapia neoadjuvante com 4 ciclos de pembrolizumabe com 200mg/m2 a cada 21 dias ou placebo (solução salina) + paclitaxel 80mg/m2 semanal + carboplatina AUC 5 a cada 21 dias ou AUC 1,5 semanal nas primeiras 12 semanas, seguido de 4 ciclos de pembrolizumabe/placebo + doxorrubicina 60mg/m2 ou epirrubicina 90mg/m2 ambos a cada 21 dias +ciclofosfamida 60mg/m2 a cada 21 dias nas 12 semanas subsequentes antes da cirurgia. Após cirurgia definitiva, pacientes recebiam radioterapia conforme indicado e pembrolizumabe ou placebo a cada 21 dias por 9 ciclos (terapia adjuvante). A utilização seja de pembrolizumabe ou placebo era permitida até recorrência ou toxicidade inaceitável.
O objetivo primário do estudo, que ainda se encontra em curso, é resposta patológica completa e sobrevida livre de evento. Dados previamente apresentados anteriormente no congresso da Sociedade Européia de Oncologia Médica em 2019 mostraram que dentre pacientes expostas a QT com pembrolizumabe tiveram taxa de resposta patológica completa superior a quimioterapia exclusiva: 64,8% vs 51,2%, independente a expressão de PDL1.
Dados recentemente apresentados no San Antonio Breast Cancer Symposium 2019 agora mostram que no subgrupo de pacientes com evidência de acometimento linfonodal 64,8% desenvolveram resposta patológica completa no braço da combinação comparado a 44,1% no braço controle. Com isso, os resultados sugerem que a adição de pembrolizumabe a quimioterapia neoadjuvante é benéfica para pacientes com doença mais agressiva e com maiores chances de recidiva.
Apesar dos dados atuais serem limitados para análise de sobrevida livre de eventos, segundo a visão dos autores, os resultados preliminares deste estudo são potencialmente modificadores da atual prática médica
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