Neste vídeo, Dr. Jacques Tabacof, Médico Onco-Hematologista do Grupo Oncoclínicas – SP, discute sobre uma análise detalhada dos efeitos adversos encontrados no estudo ELEVATE RR; além de comentar os dados de atualização após 3 anos de seguimento do estudo ASCEND, ambos apresentados no Congresso ASH 2021
Os inibidores da tirosina quinase de Bruton (BTK) constituem uma das principais opções de tratamento para pacientes com leucemia linfoide crônica recidivada/refratária (LLC R/R). O acalabrutinibe (acala) é um inibidor covalente de BTK de última geração, altamente seletivo, aprovado para o tratamento de pacientes com LLC, incluindo aqueles com doença R/R. O ensaio clínico de fase 3 ELEVATE-RR (NCT02477696), que avaliou acalabrutinibe (acala) versus ibrutinibe (ibr), demonstrou eficácia não inferior e melhor tolerabilidade com acala em pacientes com LLC previamente tratada. O trabalho apresentado no Congresso ASH 2021 relata dados adicionais para caracterizar de forma mais detalhada os eventos adversos relacionados ao BTKi (EAs) e o perfil de segurança de acala e ibr, incluindo medidas de avaliação dos EAs que levam em conta a frequência, duração e exposição ao medicamento, que não são capturados apenas pela incidência.
Um total de 533 pacientes (acala, n = 268; ibr, n = 265) foram randomizados; as medianas de exposição aos tratamentos foram de 38,3 e 35,5 meses, respectivamente. Entre os eventos de interesse clínico (EIC) cardiovasculares, as incidências ajustadas pela exposição de fibrilação atrial/flutter de qualquer grau, hipertensão arterial e sangramento foram estatisticamente maiores com ibr, com incidência de 2,0-, 2,8- e 1,6 vezes, respectivamente maiores do que no grupo do acala. Fica claro então, que os eventos cardiovasculares são menos incidentes com o uso acala, demonstrando que se trata de uma terapia menos tóxica quando comparada ao ibr.
Na análise primária do estudo ASCEND com uma duração mediana de acompanhamento de 16,1 meses, a monoterapia com acala demonstrou sobrevida livre de progressão (SLP) superior em comparação com idelalisibe (Id) mais rituximabe (R) (IdR) ou bendamustina (B) mais R (BR) e segurança favorável em pacientes com LLC R/R. Durante o Congresso do ASH 2021 foram apresentados os resultados do estudo ASCEND em 3 anos de acompanhamento.
Pacientes com LLC R/R foram randomizados 1:1 para receber acala e IdR ou BR até a progressão da doença ou toxicidade inaceitável. Crossover para o braço de monoterapia com acala foi permitido em pacientes que progrediram em IdR ou BR. Os desfechos avaliados incluíram sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG), taxa de resposta global (ORR) e segurança.
Um total de 310 pacientes (acala, n = 155; IdR, n = 119; BR, n = 36) foram recrutados (idade mediana: 67 anos; del (17p) 16%, IGHV não mutado 78%, estágio Rai 3/4 42%). Em uma mediana de acompanhamento de 36,0 (0,5-44,0) e 35,2 (0,03-42,5) meses (corte de dados: 26 de outubro de 2020) para acala e IdR/BR, respectivamente, acala prolongou significativamente a SLP vs IdR/BR (mediana: não alcançado [NR] vs 16,8 meses, respectivamente; HR: 0,29; IC 95% 0,21, 0,41; P <0,0001); As taxas de SLP em 36 meses foram de 63% para acala vs 21% para IdR/BR. Benefícios de SLP semelhantes foram observados para acala vs IdR (mediana: 16,2 meses [HR: 0,31; P <0,0001]) e vs BR (mediana: 18,6 meses [HR: 0,25; P <0,0001]) quando avaliados separadamente. O benefício da SLP também foi demonstrado de forma consistente em subgrupos de alto risco; em pacientes com a mutação del (17p), a mediana de SLP foi NR vs 13,8 meses (HR: 0,13; IC 95%: 0,06, 0,3; P <0,0001). As taxas de SLP de 36 meses foram de 66% e 5% para acala e IdR/BR, respectivamente. Em pacientes com IGHV não mutado, a mediana de SLP foi NR vs 16,1 meses (HR: 0,30; IC 95%: 0,21, 0,42; P <0,0001). As taxas de SLP em 36 meses nesse subgrupo foram de 61% e 17% para acala e IdR/BR, respectivamente. A SG mediana foi NR em ambos os braços, porém é importante destacar o impacto do crossover nesse resultado uma vez que 49% dos pacientes do braço IdR/BR passaram para o braço de acala monoterapia; a taxa de SG em 36 meses foi de 80% para acala vs 73% para IdR/BR. ORR foi de 83% com acala vs 85% com IdR/BR (ORR incluindo resposta parcial com linfocitose foi de 92% vs 88%, respectivamente). Acala também manteve um perfil de tolerabilidade aceitável, sem novos achados de segurança identificados com acompanhamento de longo prazo.
Dr. Jacques conclui que acalabrutinibe é uma terapia eficaz no tratamento da LLC R/R com perfil de toxicidade mais favorável. Confira a análise completa do especialista, assistindo ao vídeo.
Referências:
3721 – John F. Seymour et al., Characterization of Bruton Tyrosine Kinase Inhibitor (BTKi)-Related Adverse Events in a Head-to-Head Trial of Acalabrutinib Versus Ibrutinib in Previously Treated Chronic Lymphocytic Leukemia (CLL)
393 – Wojciech Jurczak, PhD, MD et al., Three-Year Follow-up of the Ascend Trial: Acalabrutinib Vs Rituximab Plus Idelalisib or Bendamustine in Relapsed/Refractory Chronic Lymphocytic Leukemia
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