Neste vídeo, Dr. Luiz Henrique Araújo, oncologista clínico, diretor regional de Oncologia do DASA e pesquisador do INCA, apresenta os dados de atualização do estudo POSEIDON, que demonstra que a administração de 4 ciclos de quimioterapia associada à durvalumabe ± tremelimumabe garante melhora de perfis de resposta sem alterar o perfil de toxicidade comparativamente à administração de apenas 2 ciclos. Confira o conteúdo completo!
Com o estabelecimento de novas abordagens terapêuticas com inibidores de checkpoints imunes, em combinações ou em monoterapia, um dos tipos tumorais que mais tem se beneficiado dessas abordagens é o câncer de pulmão de não-pequenas células metastático (CPNPCm) não-escamoso. Ainda que pacientes com alta expressão tumoral de PD-L1 tenham melhores desfechos a longo-prazo, aqueles com PD-L1 low ou PD-L1 negativo apresentam piores taxas de resposta a terapias baseadas no bloqueio do eixo PD-(L)1, demandando novas terapias capazes de suprir essa lacuna de eficácia.
Nesse cenário, o estudo clínico de fase III, POSEIDON, propõe o uso de durvalumabe (D: anti-PD-L1) ± tremelimumabe (T: anti-CTLA-4) + 4 ciclos de quimioterapia (Qt: platinum-doublet) em primeira linha no tratamento de CPNPC metastático EGFR/ALK wild-type. Em atualização recente dos resultados (2022), publicados no Journal of Clinical Oncology e que embasaram a aprovação do triplet pelo FDA, a taxa de resposta objetiva (OR) confirmada obtida foi de 38,8% em T+ D + Qt [95% CI: 33,6–44,3], 41,5% em D + Qt [95% CI: 36,1–47,0] e 24,4% em Qt [95% CI: 19,9–29,4], atrelada a uma duração de resposta prolongada. Adicionalmente, destaca-se, sobretudo, o ganho de sobrevida global (SG), onde D+Qt vs. Qt ainda que não alcance diferença estatística, apresenta tendência (HR = 0,86; 95% CI: 0,72-1,02; p = 0,0758; mediana de 13,3 vs. 11,7 meses; SG em 24 meses de 29,6% v 22,1%) e o regime T+D+Qt tem, de fato, aumento significativo de SG comparativamente à Qt (HR = 0,77; 95% CI: 0,65- 0,92; P = 0,0030; mediana de 14,0 vs. 11,7 meses; SG em 24 meses de 32,9% v 22,1%).
Quando avaliado o regime de tratamento proposto no estudo POSEIDON, é possível notar a proposta de 4 ciclos de quimioterapia em combinação com o respectivo esquema imunoterápico. Comparativamente, cabe ressaltar que essa quantidade de ciclos diverge do que se tem no estudo CheckMate 9LA, cujo regime terapêutico proposto de nivolumabe + ipilimumabe + Qt em pacientes com CPNPC estadiamento IV ou recorrente, são de apenas 2 ciclos, levantando o questionamento do impacto de 2 ou 4 ciclos no curso terapêutico, com relação tanto a eficácia quanto segurança.
Investigadores do estudo POSEIDON, portanto, apresentaram no European Lung Cancer Congress 2023, avaliações de desfecho dos pacientes após 2 (C2: 6 semanas) e 4 ciclos (C4: 12 semanas) de quimioterapia. Dos 1013 pacientes incluídos e randomizados 1:1:1, 78%, 82% e 74% dos pacientes que receberam T+ D + Qt, D+Qt e Qt completaram 4 ciclos de quimioterapia. Após o C2, 560 pacientes apresentavam doença estável (DE) e 22,9% apresentaram conversão para resposta parcial após a conclusão dos 4 ciclos de Qt, previstos no protocolo. Uma vez que o estudo possui avaliações de subgrupos de mutações específicas [STK11m, KEAP1m e KRASm], a tendência de resposta do C2 para o C4 foi similar em todos esses, indicando o benefício de um regime de 4 ciclos de quimioterapia em população Hard-to-Treat.
Dentre os 252 pacientes no grupo intention-to-treat que obtiveram resposta completa (RC) ou parcial (RP) após C2, 89,7% deles sustentaram essa resposta após o C4. Com relação às lesões alvos, houve redução da mediana da somatória das lesões entre C2 e C4 e, adicionalmente, tendo em vista o perfil de segurança, as toxicidades G3 ou superior não foram diferentes em frequência entre os C1-2 e C3-4, reforçando ainda mais que, a utilização de 4 ciclos não impacta na tolerabilidade ao tratamento.
A avaliação de números de ciclos de quimioterapia no estudo POSEIDON endossa a utilização de 4 ciclos no regime D±T+Qt em detrimento de apenas 2 ciclos. Tal esquema permite otimização do padrão de resposta, reduz as lesões alvos sem, no entanto, comprometer o perfil de segurança já avaliado anteriormente.
No vídeo, Dr. Luiz apresenta os dados desse estudo de forma detalhada, abordando os possíveis impactos na prática clínica e no manejo da doença. Confira o conteúdo completo.
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