POSEIDON: Inserção do anti-CTLA-4, tremelimumabe, ao regime terapêutico de anti-PD-L1 + quimioterapia em pacientes com CPNPC metastático - Oncologia Brasil

POSEIDON: Inserção do anti-CTLA-4, tremelimumabe, ao regime terapêutico de anti-PD-L1 + quimioterapia em pacientes com CPNPC metastático

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Administração de tremelimumabe combinado a durvalumabe e quimioterapia oferece ganho de sobrevida global além do ganho de sobrevida livre de progressão, sendo uma opção promissora para 1ª linha de tratamento de pacientes com CPNPC

 

O câncer de pulmão de não-pequenas células (CPNPC) é, atualmente um dos tumores que, em estadiamento avançado/metastático, mais se beneficiaram do advento dos inibidores de checkpoints imunológicos. Parte do sucesso terapêutico obtido está relacionado à alta expressão de PD-L1 em cerca de 25-35% dos tumores diagnosticados, no entanto, ainda que este grupo de pacientes tenham benefícios clínicos e prognósticos mais favoráveis, ainda há necessidades não atendidas, principalmente em pacientes com PD-L1low ou negativo, sendo necessárias novas abordagens que garantam atividade antitumoral e forneçam ganho de sobrevida aos pacientes.

O estudo clínico de fase III POSEIDON avaliou a inserção de um anti-CTLA-4 (tremelimumabe; T – 4 ciclos de 21 dias) ao regime de anti-PD-L1 (durvalumabe; D-1x a cada 4 semanas até progressão) associado à quimioterapia (CT) em primeira linha como forma de alcançar eficácia a longo prazo em pacientes com CPNPC metastático sem mutações no EGFR/ALK. Nesta análise recente (2022), 1013 pacientes foram randomizados (1:1:1) nos grupos: T + D + CT (n=330); D+CT (n=334); ou CT (n=333).

Como endpoint primário, o estudo avaliou as sobrevidas livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) em D + CT versus CT. Com maturidade de 75,7% (511/675 pacientes apresentaram progressão ou morte), a mediana de SLP foi de 5,5 (95% CI: 4,7-6,5) vs. 4,8 (95% CI: 4,6-5.8), com taxa de SLP em 12 meses de 24,4% vs. 13,1%. Assim, o hazard ratio obtido foi de 0,74 (95% CI: 0,62-0,89; p=0,0009), indicando ganho de SLP em pacientes que receberam durvalumabe + quimioterapia em detrimento da quimioterapia isolada. De forma semelhante, com relação à SG, observou-se tendência de ganho na coorte que recebeu o anti-PD-L1, obtendo maturidade de 81,3%, mediana de SG de 13,3 (95% CI: 11,4-14,7) vs. 11,7 (95% CI: 10,5-13,1), taxa de SG em 24 meses de 29,6% versus 22,1% e hazard ratio de 0,86 (95% CI: 0,72-1,02; p=0,0758).

Os endpoints secundários, por sua vez, compreenderam as análises de SLP e SG de T + D + CT versus CT. Ambas as sobrevidas demonstraram significância estatística denotando ganho de sobrevida livre de progressão e global em pacientes que receberam tremelimumabe e durvalumabe associado à quimioterapia em comparação à quimioterapia isolada. Com relação à SLG, a mediana foi de 6,2 (95% CI: 5,0- 6,5) vs. 4,8 meses (95% CI: 4,6-5,8), com taxa de SLG em 12 meses de 26,6% vs. 13,1% e hazard ratio de 0,72 (95% CI: 0,60-0,86; p= 0,0003). Por fim, a mediana de SG obtida foi de 14,0 (95% CI: 11,7-16,1) vs. 11,7 meses (95% CI, 10,5-13,1), com taxa de SG em 24 meses de 32,9% vs. 22,1% e hazard ratio de 0,77 (95% CI: 0,65-0,92; p =0,0030).

Os resultados apresentados pelo estudo clínico POSEIDON demonstram ganho de sobrevida livre de progressão em pacientes tratados com durvalumabe + quimioterapia em comparação à quimioterapia, e ainda sugere a combinação tremelimumabe + durvalumabe + quimioterapia como uma nova opção de 1ª linha que, até o momento, é capaz de oferecer ganho em sobrevida global e livre de progressão sem alterar a tolerabilidade conhecida e esperada para os imunoterápicos.

 

Referência:

1. Johnson ML, Cho BC, Luft A, et al. Durvalumab With or Without Tremelimumab in Combination With Chemotherapy as First-Line Therapy for Metastatic Non-Small-Cell Lung Cancer: The Phase III POSEIDON Study. J Clin Oncol. 2023.