POSITIVE TRIAL: resultados indicam que pacientes com câncer de mama inicial que interromperam seu tratamento anti-hormonal para engravidar não apresentaram maior risco de recidiva - Oncologia Brasil

POSITIVE TRIAL: resultados indicam que pacientes com câncer de mama inicial que interromperam seu tratamento anti-hormonal para engravidar não apresentaram maior risco de recidiva

Breast Cancer Concept. Red-Haired Girl Framing Pink Ribbon Symbol On T-Shirt Posing On White Background. Empty Space, Panorama

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Pacientes com câncer de mama INICIAL que interromperam seu tratamento anti-hormonal para engravidar não tiveram maior risco de recidiva, conforme estudo publicado esta semana no New England Journal of Medicine

 

Cerca de 5% dos casos novos de câncer de mama nos EUA ocorrem em mulheres com menos de 40 anos. Preocupações com fertilidade existem em 45-60% dessas mulheres, em especial para aquelas que nunca engravidaram. Apenas 5-10% dessas mulheres acabam conseguindo engravidar.  

Alguns estudos mostram que a gravidez após o tratamento é possível e segura, mas muitas pacientes têm (e médicos também) preocupações com relação a um possível maior risco de recidiva com a gravidez e o feto. Não raro a paciente é desencorajada, e na grande maioria dos casos a fertilidade dessas mulheres pode ser afetada de maneira significativa e por vezes irreversível, seja pela idade (baixa reserva ovariana previa) ao diagnóstico e principalmente com o tratamento oncológico (quimioterapia, anti-hormônios, bloqueadores da menstruação). 

Estudo POSITIVE 

O estudo P.O.S.I.T.I.V.E Pregnancy Outcome and Safety of Interrupting Therapy for Women with Endocrine Responsive Breast Cancer incluiu 518 pacientes com até 43 anos de 2014 até 2019 que desejavam engravidar. As pacientes paravam o tratamento por aproximadamente 2 anos para tentar engravidar após 18-30 meses de tratamento endócrino inicial. 

Após cerca de 3,5 anos de acompanhamento médio, 9% de pacientes recidivaram, número exatamente igual ao esperado em um grupo “controle” com tratamento igual, mas sem essa interrupção. 

Um total de 497 pacientes participaram, 74% delas (368) tiveram pelo menos uma gravidez, 70% em até 2 anos, 86% das que engravidaram e 64% (317) da incluídas tiveram pelo menos um nascido vivo, com 365 bebês nascidos. Ao menos 19% perderam pelo menos uma gestação. Apenas 8% dos nascidos tinham baixo peso. 98% dos bebês tinham ótima saúde ao nascimento.  

Esses dados foram comparados pelos autores com os da população em geral, e essa performance foi equivalente ou até melhor. 

Em seguida ao nascimento as pacientes foram fortemente recomendadas a retomar seu tratamento endócrino, e segundo os pesquisadores 76% voltaram.  

O estudo POSITIVE nos traz importantes dados para pacientes jovens que têm desejo de engravidar, permitindo a essas mulheres dar uma pausa em seu tratamento mais cedo do que antes era recomendado. Isso é completamente novo e é uma ótima notícia. Para a maioria dessas mulheres a gravidez será segura e não mudará o curso do seu câncer de mama. Embora seja uma decisão muito pessoal, ela deve ser compartilhada com a equipe médica que acompanha essa paciente, pois os riscos de recidiva variam de caso a caso.  

Fundamental lembrar que o ideal é que essas pacientes tenham uma consulta com um especialista em fertilidade previamente ao início da parte crítica do tratamento oncológico, pelo risco real de baixa reserva ovariana seja por causas naturais antes mesmo do tratamento, seja pelo risco de comprometer essa reserva após o tratamento ser iniciado. Um desafio encontrado pela classe médica é a ampliação do conhecimento sobre ONCOFERTILIDADE entre pacientes oncológicas jovens permitindo que o fertileuta seja consultado precocemente, o que ocorre ainda em uma minoria de pacientes, e uma das limitações é o custo elevado do processo de estimulação e posterior coleta e congelamento de óvulos. Planos de saúde não cobrem esta abordagem que envolvem medicamentos caros e procedimentos invasivos.  

Uma palavra de cautela, mas necessária por parte dos pesquisadores: as pacientes seguirão em acompanhamento para avaliar a incidência de recidivas tardias, mas a este ponto da ciência é possível tranquilizar as pacientes de que é seguro interromper sua terapia endócrina após pelo menos 1,5 anos de tratamento para tentar engravidar e conceber seu bebê.

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