PRESIDE: enzalutamida contínua em pacientes com mCPRC após progressão - Oncologia Brasil

PRESIDE: enzalutamida contínua em pacientes com mCPRC após progressão

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A melhora da sobrevida livre de progressão foi observada com enzalutamida contínua versus placebo mais docetaxel e prednisona para pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração que haviam progredido anteriormente apenas com o inibidor do receptor de andrógeno, de acordo com o estudo de fase 3b PRESIDE (NCT02288247)

O câncer de próstata é uma neoplasia com incidência e mortalidade bastante altas em todo o mundo. O estudo PRESIDE, avaliou os benefícios da terapia com enzalutamida (ENZA), assim como sua eficácia e segurança, para o tratamento de pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (mCPRC) virgens de quimioterapia, no cenário pós-docetaxel + prednisolona (DOC+PDN). 

O estudo PRESIDE recrutou pacientes com mCRPC virgens de quimioterapia cuja doença progrediu durante o uso de agonista/antagonista (ADT) do hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRH) ou após orquiectomia bilateral. O estudo foi randomizado, duplo-cego, controlado por placebo (PBO) e foi dividido em dois períodos. No primeiro período (P1), os participantes receberam o rótulo aberto ENZA (160 mg) + ADT. Aqueles que, da baseline até a 13ª semana, apresentaram uma resposta de antígeno específico da próstata (PSA) de ≥50% foram elegíveis para o Período 2 (P2). Em P2, os pacientes receberam DOC (75 mg/m2), PDN (10 mgs) e ADT, e foram randomizados para ENZA (160 mg) ou placebo. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) em P2 (da randomização até progressão radiográfica/clínica ou morte). Os desfechos secundários incluíram o tempo para progressão de PSA (TTPP) [aumento de ≥25%; aumento absoluto ≥2 ng/mL] e resposta de PSA em P2.  

Resultados 

Dos pacientes eleitos para o estudo, 687 pacientes receberam ENZA em P1. Já em P2, 273 foram randomizados e 271 foram tratados. Nesse contexto, a demografia e características da linha de base foram equilibradas entre os braços de P2. A exposição mediana ao ENZA foi de 62,6 semanas em P1, e de 36,1 e 30,1 semanas em P2 com ENZA e placebo, respectivamente. Ao final de P2 269 (99,3%) pacientes tiveram a terapia interrompida; 93 pacientes em cada braço tiveram progressão (ENZA, 74,4%; PBO, 75,6%). A SLP foi significativamente melhorada com o ENZA (HR 0,72; IC 95% 0,53 a 0,96; p = 0,027), com maior mediana da sobrevida livre de progressão com ENZA (9,53 meses; IC 95%, 8,25, 10,87) do que com PBO (8,28 meses; 95% IC 6,28, 8,71). A ENZA também atrasou significativamente o TTPP (8,44 vs. 6,24 meses com PBO; HR 0,58; IC 95% 0,41 a 0,82; p = 0,002) e melhor resposta do PSA em todos os períodos (ENZA, n = 76 [55,9%]; PBO, n = 50 [37,0%]). Houve 46 óbitos em P1 (6,7%) e 20 em P2 (ENZA, n = 13 [9,6%]; PBO, n = 7 [5,2%]). 

Em P2, 264 pacientes (97,4%) apresentaram eventos adversos que necessitavam de tratamentos emergenciais (TEAE’s) [ENZA, n = 133 (97,8%); PBO, n = 131 (97,0%)]. Os tratamentos emergenciais dos EA’s de grau 3/4 foram relatados por 84 (61,8%) pacientes no ENZA e 84 (62,2%) no PBO, e 12 (8,8%) e 9 (6,7%) pacientes, respectivamente, apresentaram TEAEs, levando à descontinuação. Dessa forma, a neutropenia foi o TEAE grau 4 mais comum (ENZA, 16,9%; PBO, 20,7%). Além disso, os TEAES relacionados com drogas foram semelhantes (ENZA, 46,3%; PBO, 41,5%), e 90,4% dos pacientes em cada braço relataram TEAEs relacionados ao DOC. 

Conclui-se, portanto, que a terapia com enzalutamida continuada em homens com mCPRC que progrediu no esquema ENZA + ADT e receberam DOC + PDN após progressão, melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão em comparação com o grupo placebo. Dessa forma, podemos ressaltar que o tratamento foi bem tolerado e os eventos adversos da ENZA foram consistentes com seu perfil de segurança já conhecido.  

 

Referência:  

Merseburger A, Attard G, Boysen G, et al. A randomized, double-blind, placebo (PBO)-controlled, phase 3b study of the efficacy and safety of continuing enzalutamide (ENZA) in chemotherapy-naïve, metastatic castration-resistant prostate cancer (mCRPC) patients (pts) treated with docetaxel (DOC) plus prednisolone (PDN) who have progressed on ENZA: PRESIDE. J Clin Oncol. 2022;40(suppl 6):15. doi: 10.1200/JCO.2022.40.6_suppl.015