Prevalência de doenças psiquiátricas em pacientes com câncer nos países de baixa renda - Oncologia Brasil

Prevalência de doenças psiquiátricas em pacientes com câncer nos países de baixa renda

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Uma revisão sistemática, publicada no JCO Global Oncology, da ASCO, discute sobre a prevalência de transtornos depressivos e de ansiedade em pacientes oncológicos de países subdesenvolvidos

 

A prevalência do câncer em países de baixa e média renda vêm crescendo ao longo dos anos demonstrando uma verdadeira mudança no panorama epidemiológico, conforme a evolução econômico-social de sua população. Entre 2008 e 2030, a incidência global de câncer é esperada que cresça mais de 80%, sendo os maiores aumentos nesses países de baixa renda. Embora já tenha sido documentado na literatura que, em países desenvolvidos, a prevalência de transtornos depressivos e de ansiedade é maior na população oncológica do que na população normal, um estudo sistemático nunca foi realizado em países de baixa renda. Um estudo nesse campo é essencial, já que a vigência de um transtorno depressivo em um paciente oncológico está relacionada a piores desfechos. Além disso, sabemos que a jornada de um paciente oncológico em um país de baixa renda é muito diferente de um paciente em um país de alta renda: são diagnosticados em um estágio mais avançado, tem acesso limitado ao tratamento e mais chance de enfrentar um pior prognóstico. 

Essa revisão sistemática foi realizada utilizando bases de dados de plataformas como “Medline”, “PsycInfo”, “EMBASE” e “CINAHL”. A pesquisa utilizou uma lista de títulos e palavras-chave para interligar conceitos como neoplasmas, “Low- and Lower-middle-income countries” (LLMICs) e transtornos mentais. Foi utilizado uma meta análise de efeitos aleatórios para determinar a prevalência de transtornos mentais nessa população definidos pelo “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders or International Classification of Diseases Criteria”. Cerca de 40 estudos que abrangem um período de 15 anos foram incluídos nessa revisão. 

A prevalência utilizando o DSM-IV foi de 21% dos pacientes possuíam depressão maior (95% CI, 15 a 28) e 18% com transtornos de ansiedade (95% CI, 8 a 30). Sintomas depressivos e de ansiedade foram mais frequentes em indivíduos com doença mais avançada e níveis de escolaridade mais baixo, o que corresponde à realidade dos casos em países de baixa renda. Este resultado demonstra um número maior de casos de depressão e ansiedade em países de baixa renda, quando comparados a países desenvolvidos. Os números revelam fardos da doença neoplásica que são negligenciados nesses países e que, se fossem tratados de maneira sistemática, poderiam aumentar o número de pacientes com desfechos favoráveis, assim como diminuir a morbidade e a mortalidade na população desses países. 

Referências: 

Walker ZJ, Xue S, Jones MP, Ravindran AV. Depression, Anxiety, and Other Mental Disorders in Patients With Cancer in Low- and Lower-Middle-Income Countries: A Systematic Review and Meta-Analysis. JCO Glob Oncol. 2021 Jul;7:1233-1250. doi: 10.1200/GO.21.00056. PMID: 34343029.  

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