Qual a melhor terapia, em primeira linha, para os pacientes com LLC? - Oncologia Brasil

Qual a melhor terapia, em primeira linha, para os pacientes com LLC?

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Dr. Guilherme PeriniMédico Hematologista no Hospital Israelita Albert Einstein e Coordenador da Hematologia do Grupo Americas, discute neste vídeo os dados de dois estudos que utilizam metodologias de comparação indireta para determinar a melhor terapia em primeira linha para leucemia linfoide crônica

O acalabrutinibe e o ibrutinibe são ambos inibidores da tirosina quinase de Bruton (BTKi) altamente eficazes, aprovados para o tratamento da leucemia linfoide crônica (LLC) e administrados como tratamentos contínuos até a progressão da doença ou toxicidade inaceitável. Venetoclax é um composto mimético de BH3 e inibidor de BCL-2 prescrito em combinação com obinutuzumabe por uma duração fixa (12 ciclos) em pacientes com LLC virgens de tratamento. 

O estudo ASCEND de fase 3 demonstrou benefício significativo de sobrevida livre de progressão (SLP) com acalabrutinibe versus a escolha do investigador de quimioimunoterapia (bendamustina + rituximabe [BR]) ou inibidor de PI3K, idelalisibe + rituximabe em pacientes com LLC recidivada ou refratária (R/R). Já no estudo ELEVATE-RR, acalabrutinibe demonstrou SLP não inferior versus ibrutinibe em pacientes com LLC R/R com genômica de alto risco ao mesmo tempo que demonstrou perfil de toxicidade mais favorável vs ibrutinibe, principalmente com relação aos eventos adversos cardiovasculares. Acalabrutinibe foi bem tolerado em ambos os ensaios, entretanto estes estudos não incluíram pacientes com LLC virgens de tratamento. 

Neste contexo, um trabalho apresentado no ASH 2021 propôs esta comparação indireta de tratamento ajustada por correspondência (MAIC – Matching-Adjusted Indirect Treatment Comparison) baseada na análise publicada por Davids e colaboradores (Leuk Lymphoma. 2021) em pacientes virgens de tratamento com LLC. Essa atualização do estudo demonstrou um perfil de segurança favorável para a terapia baseada em acalabrutinibe em comparação com outras terapias alvo sem comprometer a eficácia, incluindo um seguimento mais longo dos dados para acalabrutinibe e os seus comparadores. 

Outro estudo, também apresentado no ASH 2021, realizou esta análise de tempo sem sintomas e toxicidade ajustada pela qualidade (Q-TWiST – Quality-adjusted Time Without Symptoms and Toxicity), a qual equilibra os riscos (toxicidade) e os benefícios (sobrevida prolongada sem sintomas de progressão da doença ou eventos adversos [AEs]) de tratamentos oncológicos. A análise Q-TWiST foi conduzida utilizando dados dos estudos clínicos ASCEND e ELEVATE-RR para avaliar o risco-benefício de acalabrutinibe vs comparadores em pacientes com LLC/RR. 

Baseado nos resultados do estudo MAIC, acalabrutinibe e acalabrutinibe + obinutuzumabe estão associados a um perfil de segurança favorável vs ibrutinibe e venetoclax + obinutuzumabe, enquanto, com um acompanhamento mais longo, os resultados do MAIC demonstram que acalabrutinibe + obinutuzumabe estão associados a um benefício de eficácia significativo em comparação com ambos ibrutinibe e venetoclax + obinutuzumabe. Uma limitação desta MAIC é não incluir todas as variáveis prognósticas (PVs) potenciais como uma compensação para conservar o tamanho efetivo da amostra. Os achados foram consistentes com os resultados do ELEVATE-RR.  

As análises Q-TWiST integram eficácia, segurança e qualidade de vida em uma medida mais apropriada e útil para avaliação detalhada de risco-benefício do tratamento do câncer. Esta análise demonstrou que o tratamento com acalabrutinibe é significativamente superior ao tratamento com idelalisibe + rituximabe/bendamustina + rituximabe. Os ganhos de sobrevida ajustados pela qualidade de acalabrutinibe sobre ibrutinibe variaram por definição de toxicidade, mas foram numericamente maiores para acalabrutinibe. No geral, acalabrutinibe demonstrou um perfil de risco-benefício favorável vs diferentes comparadores em LLC R/R. 

No vídeo, Dr. Guilherme faz uma análise completa dos dados do estudo. Vale a pena assistir e conferir o conteúdo completo! 

Referências:  

2633 – Matthew S. Davids, MD et al., Matching-Adjusted Indirect Treatment Comparison (MAIC) of Acalabrutinib Alone or in Combination with Obinutuzumab Versus Ibrutinib or Venetoclax Plus Obinutuzumab in Patients with Treatment-Naïve Chronic Lymphocytic Leukemia. Presented at 2021 ASH Annual Meeting and Exposition. 

3722 – John F. Seymour et al., A Quality-Adjusted Survival (Q-TWiST) Analysis to Assess Benefit-Risk of Acalabrutinib Versus Idelalisib/Bendamustine Plus Rituximab or Ibrutinib Among Relapsed/Refractory (R/R) Chronic Lymphocytic Leukemia (CLL) Patients. Presented at 2021 ASH Annual Meeting and Exposition.