Radioterapia no câncer de mama primário: prognóstico favorável ou desfavorável após o surgimento de um 2º câncer de mama? - Oncologia Brasil

Radioterapia no câncer de mama primário: prognóstico favorável ou desfavorável após o surgimento de um 2º câncer de mama?

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A sobrevida câncer-específica do câncer de mama é significativamente reduzida entre todas as sobreviventes de tumores da infância ou de adultas jovens tratadas com radioterapia

Para melhor entender como a radioterapia em tumores primários afeta as características clínicas dos cânceres de mama secundários nas mulheres na pré-menopausa, Sauder et al analisaram dados populacionais do California Cancer Registry, que representa mais de 99% de todos os cânceres invasivos diagnosticados na Califórnia. Os resultados foram publicados na revista Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention.

Foram analisados dados de mulheres com idades entre 12 e 50 anos (de modo a identificar o câncer de mama na pré-menopausa baseando-se em aproximações de idade da menarca e da menopausa) que foram diagnosticadas com câncer de mama primário de 1988 a 2014 (n = 107.751). Esses dados foram comparados aos de pacientes com idades semelhantes, que desenvolveram um 2º câncer primário de mama e que foram tratadas com radioterapia na primeira vez (n = 1.147) entre 12 e 39 anos.

Os pesquisadores compararam fatores demográficos e clínicos e usaram a regressão multivariável de riscos proporcionais de Cox para examinar a sobrevida câncer-específica entre esses grupos, tanto coletivamente quanto para subgrupos específicos, incluindo idade, etnia, envolvimento linfonodal, status do receptor de hormônio e status de HER2.

No geral, os pesquisadores descobriram que mulheres com o 2º câncer de mama tratadas previamente com radiação eram mais propensas a ser hispânicas ou negras, 35 a 45 anos de idade, com tumores em estágio inicial e tumores de alto grau, sem envolvimento linfonodal e ser receptor hormonal negativo.

Todas as mulheres apresentaram pior sobrevida câncer-específica ao câncer de mama para tumores de grande tamanho, envolvimento linfonodal e status negativo para receptor de hormônio. A sobrevida câncer-específica foi pior para mulheres com seu 2º câncer de mama tanto no geral (HR = 1,98; IC 95% = 1,77-2,23) quanto em todos os demais subgrupos considerados.

As associações foram mais pronunciadas em hispânicas, asiáticas ou pacientes das ilhas do Pacífico e mulheres mais jovens, bem como naquelas com doença em estadio inicial, linfonodo negativo e receptor hormonal positivo.

Portanto, a sobrevida câncer-específica do câncer de mama é significativamente reduzida entre todas as sobreviventes de tumores da infância ou de adultas jovens tratadas com radioterapia, que futuramente desenvolvem um segundo câncer primário de mama, incluindo mulheres com características de bom prognóstico. Dessa maneira, considerar um tratamento alternativo e ainda mais agressivo nessas populações pode ser discutido.

Referência:
Sauder CAM et al. Characteristics and Outcomes for Secondary Breast Cancer in Childhood, Adolescent, and Young Adult Cancer Survivors Treated with Radiation. Cancer Epidemiol Biomarkers & Prev. August 26 2020 DOI: 10.1158/1055-9965.EPI-20-0260.