Rastreamento de Câncer de Pulmão e Cigarros Eletrônicos: Avanços, Desafios e Impactos na Saúde - Oncologia Brasil

Rastreamento de Câncer de Pulmão e Cigarros Eletrônicos: Avanços, Desafios e Impactos na Saúde

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Neste episódio “Descomplicando Oncologia Torácica”, o Dr. Guilherme Harada, oncologista e coordenador de pesquisa clínica no Hospital Sírio-Libanês, e o Dr. Marcelo Corassa, oncologista e pesquisador clínico na BP – A Beneficência Portuguesa, se juntam ao Dr. Gustavo Prado, pneumologista e coordenador do Departamento de Pneumologia do Hospital Oswaldo Cruz e da Comissão de Câncer da SBPT, para discutirem como o rastreamento por tomografia de baixa dose pode salvar vidas, a eficácia comprovada pelos estudos NLST e NELSON, e os desafios enfrentados no Brasil. Além disso, eles exploram o impacto dos cigarros eletrônicos na saúde. Para mais detalhes, acesse o link e confira o conteúdo completo! 

 

O rastreamento de câncer de pulmão tem evoluído significativamente com base em estudos pioneiros que avaliaram sua eficácia. O estudo NLST (2011) mostrou uma queda de 20% na mortalidade entre pessoas de alto risco (55-74 anos, com histórico de tabagismo de 30 anos-maço). O estudo NELSON (2020) confirmou esses dados, ampliando a faixa etária para 50-74 anos e ajustando os critérios de tabagismo. Em 2021, a Força-Tarefa dos EUA atualizou suas diretrizes, incluindo indivíduos de 50-80 anos com 20 anos-maço de tabagismo, tornando o rastreamento mais acessível e eficaz. 

No Brasil, as diretrizes seguem padrões semelhantes, mas enfrentam desafios como falsos positivos e barreiras estruturais no sistema de saúde. A resistência cultural e a falta de uma recomendação formal do Ministério da Saúde dificultam a implementação de programas abrangentes. O diálogo com tomadores de decisão é essencial para superar esses obstáculos e melhorar o rastreamento de câncer de pulmão no país. 

Além disso, foi discutido o impacto dos cigarros eletrônicos. Apesar de serem comercializados como uma alternativa menos nociva e uma ferramenta para parar de fumar, evidências científicas mostram que, em relação a doenças respiratórias, cardiovasculares, metabólicas e de cavidade oral, o risco associado aos cigarros eletrônicos é semelhante ao dos cigarros convencionais. No caso de doenças como asma e DPOC, mais tempo é necessário para consolidar os dados. 

Como alternativa para parar de fumar, observa-se que muitos usuários de cigarros eletrônicos se tornam “fumantes duais”, continuando a fumar cigarros convencionais e adotando o hábito dos eletrônicos, o que aumenta ainda mais os riscos para a saúde. Outro ponto importante é que, independentemente da qualidade dos cigarros eletrônicos, certas substâncias presentes, como álcoois (glicerol) e aditivos de sabor e aroma, ao serem submetidos a altas temperaturas, produzem compostos potencialmente genotóxicos. Esses fatores reforçam a necessidade de um debate contínuo sobre os riscos dos cigarros eletrônicos e a importância de estratégias eficazes para a cessação do tabagismo 

Importante ressaltar que além do câncer de pulmão, o rastreamento pode detectar outras condições como doenças coronarianas e aneurismas, ampliando os benefícios tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde. 

 

Referências:  

  1. National Lung Screening Trial Research Team. “Reduced lung-cancer mortality with low-dose computed tomographic screening.” New England Journal of Medicine 365, no. 12 (2011): 395-409.
  2. de Koning, Harry J., Paul J. van der Aalst, Agnes A. P. A. de Jong, et al. “Reduced lung-cancer mortality with volume CT screening in a randomized trial.” New England Journal of Medicine 382, no. 6 (2020): 503-513.