Resultados clínicos dos pacientes com carcinoma de células renais cromófobo avançado tratados com regimes baseados em imunoterapia de primeira linha - Oncologia Brasil

Resultados clínicos dos pacientes com carcinoma de células renais cromófobo avançado tratados com regimes baseados em imunoterapia de primeira linha

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esultados do estudo de mundo real com dados dos pacientes com carcinoma de células renais cromófobo (chCCR) metastático demonstraram que esses pacientes parecem apresentar desfechos clínicos ruins mesmo com regimes baseados em imunoterapia quando comparados com os pacientes com carcinoma de células renais de células claras (ccCCR). 

 

O carcinoma de células renais (CCR) engloba um grupo heterogêneo de cânceres derivados de células epiteliais tubulares renais e está entre os 10 tipos de câncer mais comuns em todo o mundo. Os principais subtipos com incidência ≥5% são CCR de células claras (ccCCR), CCR papilar (pCCR) e CCR cromófobo (chCCR). Os CCR variam consideravelmente em sua biologia tumoral e no curso da doença, o que se reflete na variedade de paradigmas de tratamento.  

Durante a última década, terapias direcionadas, incluindo inibidores da tirosina quinase do receptor do fator de crescimento endotelial vascular (VEGFR-TKIs) e inibidores de alvo de rapamicina em mamíferos(mTORIs) tornou-se o padrão de atendimento para pacientes com mCCR. A terapia direcionada tem sido associada a uma melhor eficácia clínica, incluindo sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG), perfis de segurança favoráveis ​​e melhor qualidade de vida relacionada à saúde. Recentemente, os agentes terapêuticos de imunoterapia (IO) mudaram o paradigma de tratamento para mCCR, bloqueando os pontos de verificação imunes (por exemplo, morte programada-1 [PD-1] /PD-ligando 1 [PD-L1]) e restaurando células T-específicas do tumor.  

Os regimes baseados em IO demonstraram eficácia substancial no tratamento de ccCCR metastático, onde atualmente representam o padrão de tratamento. O chCCR tem um prognóstico sombrio quando diagnosticado no estágio metastático. Ensaios clínicos recentes avaliando regimes baseados em IO em subtipos não-ccCCR identificaram uma resposta preliminar ruim em chRCC avançado, mas foram limitados por tamanhos de amostra baixos. Cris Labaki e colaboradores apresentaram durante o ASCO GU Cancers Symposium desse ano o trabalho onde procuraram avaliar de forma abrangente os resultados de pacientes com chRCC tratados com regimes baseados em IO utilizando os dados do International Metastatic RCC Database Consortium (IMDC). 

Os autores utilizaram dados do mundo real do IMDC, realizaram uma análise retrospectiva de pacientes com chCCR avançado que receberam terapias baseadas em IO, incluindo terapia IO dupla ou terapia direcionada IO + VEGF (VEGF-TT), em a configuração de primeira linha. O desfecho primário foi SG. Os desfechos secundários incluíram tempo para falha do tratamento (TTF) e ORR. Modelos de riscos proporcionais de Cox foram usados ​​para ajustar para idade e grupos de risco IMDC como covariáveis. Uma regressão logística foi usada para determinar a associação entre as chances de obter uma resposta e o subtipo de CCR. 

Foram identificados 31 pacientes com chCCR avançado e 856 pacientes com ccCCR tratados com terapias baseadas em IO no cenário de primeira linha, com idade mediana de 61,5 anos (IQR: 51,5 – 69,0). Em comparação com pacientes com ccCCR que receberam terapias baseadas em IO como regimes iniciais, os pacientes com chCCR tiveram uma SG mais baixa (SG mediana: 24,7 vs. 50,5 meses, respectivamente; p<0,001) e um TTF menor (TTF mediano: 4,5 vs. 11,0 meses, respectivamente; p<0,001). Entre os pacientes com uma resposta objetiva avaliável, a ORR foi menor entre os pacientes com chCCR avançado, em comparação com aqueles com ccCCR (ORR: 12,0 vs 47,1%, respectivamente; p<0,001). Ao avaliar o tratamento de primeira linha com monoterapia com VEGF-TT (sunitinibe ou pazopanibe), nenhuma diferença nos resultados foi encontrada entre pacientes com chCCR (n=122) e ccCCR (n=6.379) em relação ao desfecho primário de SG, enquanto TTF e ORR sugeriram melhores resultados para ccRCC (Tabela). 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os autores concluem que neste estudo de mundo real, os pacientes com chCCR metastático parecem apresentar desfechos clínicos ruins mesmo com regimes baseados em IO, em comparação com o ccCCR. Os determinantes moleculares da má resposta requerem mais investigações. 

 

Referências:  

1 – LABAKI, C. et al. Characterization of clinical outcomes among patients with advanced chromophobe renal cell carcinoma (ChRCC) treated with first-line immunotherapy (IO)-based regimens. J Clin Oncol 41, 2023 (suppl 6; abstr 654) 

2 – GRAHAM, Jeffrey et al. Outcomes of patients with metastatic renal cell carcinoma treated with targeted therapy after immuno-oncology checkpoint inhibitors. European Urology Oncology, v. 4, n. 1, p. 102-111, 2021. 

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