Uma vacina experimental contra o câncer de mama gerou, com segurança, forte resposta imune a uma proteína-chave do tumor – relatam pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington em Seattle, em um artigo publicado pela revista JAMA Oncology. Os resultados sugerem que a vacina pode ser capaz de tratar diferentes tipos de câncer de mama
Em pacientes com câncer de mama HER2-positivo, níveis elevados de células T tipo 1 específicas contra HER2 no sangue periférico estão associados à resultados clínicos favoráveis após a terapia com trastuzumabe. No entanto, apenas uma minoria de pacientes desenvolve imunidade contra HER2 mensurável após o tratamento. Sabendo que as vacinas projetadas para aumentar as células T auxiliares específicas contra HER2, podem induzir imunidade de HER2 na maioria dos pacientes, o objetivo deste estudo clínico foi determinar a segurança e imunogenicidade de 3 doses (10, 100 e 500 μg) de uma vacina baseada em plasmídeo, que codifica o domínio intracelular (ICD) de HER2 – já que esta porção intracelular é conhecida por provocar respostas imunes citotóxicas mais fortes.
Este estudo se trata de um ensaio de fase 1 (NCT00436254), de braço único, que incluiu 66 pacientes com câncer de mama HER2-positivo em estágio avançado, tratadas em um centro médico acadêmico entre 2001 e 2010 e com avaliações de toxicidade pós-vacinação de 10 anos. A análise dos dados foi realizada em 2 períodos: de janeiro de 2012 a março de 2013 e de julho de 2021 a agosto de 2022.
Os participantes do estudo foram divididos em três grupos, tendo cada pessoa recebendo três injeções. A vacina foi administrada por via intradérmica, uma vez por mês, com fator solúvel estimulador de colônia de granulócitos-macrófagos, como adjuvante para as 3 imunizações. As avaliações de toxicidade ocorreram em intervalos definidos e anualmente. As células mononucleares do sangue periférico foram coletadas para avaliação da imunidade. A biópsia dos locais da vacina nas semanas 16 e 36 mediu a persistência do DNA plasmidial.
Os participantes foram acompanhados por 3 a 13 anos (o acompanhamento médio foi de aproximadamente 10 anos). O longo acompanhamento foi importante porque o HER2 é encontrado em muitos outros tipos de células, sendo assim, era importante garantir que a vacinação não desencadeasse, ao longo do tempo, uma resposta autoimune contra outros tecidos saudáveis com HER2.
Um total de 66 pacientes com idade mediana de 51 anos (34-77) foram inscritos. A maioria dos efeitos tóxicos relacionados à vacina foram de grau 1 e 2 e não foram significativamente diferentes entre os braços de dose. Os pacientes no braço 2 (100 μg) e no braço 3 (500 μg) tiveram respostas imunes tipo 1 ao ICD de HER2, de maior magnitude na maioria dos pontos de tempo do que os pacientes no braço 1 (10 μg) (braço 2 comparado com o braço 1, coeficiente, 181 [IC 95%, 60-303]; P = 0.003; braço 3 comparado com braço 1, coeficiente, 233 [IC 95%, 102-363]; P < .001) após ajuste para fatores basais. A imunidade do ICD de HER2 em momentos após o término das imunizações foi significativamente menor, em média, em pacientes com persistência de DNA na semana 16 em comparação com aqueles sem persistência. A dose mais alta da vacina foi associada à maior incidência de DNA persistente no local da injeção.
Neste ensaio clínico não randomizado de fase 1, a imunização com a dose de 100 μg da vacina baseada em plasmídeo com o ICD de HER2 foi associada à geração de células T tipo 1 específicas para HER2 na maioria dos pacientes com câncer de mama HER2-positivo e está atualmente sendo avaliado em estudos randomizados de fase 2, nos quais a eficácia clínica contra os tumores de mama poderá ser avaliada.
Referência:
Disis MLN, et al., Safety and Outcomes of a Plasmid DNA Vaccine Encoding the ERBB2 Intracellular Domain in Patients With Advanced-Stage ERBB2-Positive Breast Cancer: A Phase 1 Nonrandomized Clinical Trial. JAMA Oncol. 2022 Nov 3. doi: 10.1001/jamaoncol.2022.5143.
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