A radioterapia ablativa estereotáxica (SBRT) é normalmente usada para o tratamento do câncer de pulmão não pequenas células inicial, assim como de metástases que acometem o pulmão, fígado, glândula adrenal ou coluna vertebral
Em uma análise conjunta de dois ensaios clínicos randomizados (STARS e ROSEL), que compararam lobectomia com dissecção de linfonodo mediastinal (L-MLND) versus radioterapia ablativa estereotáxica (SBRT) no CPNPC estádio I operável, não houve diferenças significativas para a progressão da doença, porém a sobrevida global aos três anos foi significativamente maior no braço SBRT (95% vs 79%). Entretanto, preocupações com relação ao pequeno tamanho da amostra (n = 58), curto acompanhamento (três anos) e uso não uniforme da cirurgia toracoscópica video-assistida (VATS), tornaram necessária a expansão do protocolo STARS para um estudo SBRT de braço único, com comparação especificada com uma coorte institucional publicada e acompanhada longitudinalmente referente ao status pós dissecção de linfonodo mediastinal por VATS (n = 229) em pacientes com CPNPC estádio IA. Os dados foram apresentados durante o Congresso Mundial da ASCO 2021.
Os critérios de inclusão foram CPNPC estádio IA (T ≤ 3 cm, N0M0 e estadiamento por PET/CT + EBUS), status de desempenho Zubrod 0-2, VEF1 basal > 40%, DLCO > 40% e considerado operável por uma equipe multidisciplinar. A SBRt utilizou simulação de TC 4-dimensional e orientação de imagem volumétrica; 54 Gy em 3 frações foram entregues para o planejamento de volumes alvo localizados na periferia, ou 50 Gy em 4 frações para os alvos mais centrais. Todos os pacientes foram acompanhados por tomografia de tórax a cada três meses nos primeiros dois anos, a cada 6 meses por mais 3 anos e, a seguir, anualmente. A não inferioridade de SBRT seria considerada se a SG aos 3 anos não fosse menor ao coorte histórico L-MLND VATS em mais de 12%.
Resultados:
O acompanhamento médio entre os 80 pacientes que realizaram SBRT foi de 61 meses. A SG e a sobrevida livre de progressão (SLP) foram de 91% e 80% em 3 anos, e de 87% e 77% em 5 anos, respectivamente.
A taxa de incidência cumulativa de 5 anos para qualquer recorrência foi de 17,6% (IC 95%: 10,1 ± 26,7%), sendo de 6,3% recidiva local, 12,5% regional e 8,8% à distância. A taxa de incidência cumulativa de 5 anos para um novo tumor primário de pulmão foi de 6,9% (IC 95%: 2,5 ± 14,6%). Quanto aos eventos adversos, houve 1,3% de grau 3 e nenhuma toxicidade de grau 4-5.
O escore de propensão combinado (idade, sexo, tamanho do tumor, histologia, performance) na comparação de SBRT versus L-MLND VATS não revelou diferenças significativas em SLP (p = 0,063), sobrevida câncer de pulmão específica (p = 0,075) ou incidência cumulativa para as taxas de falhas locais (p = 0,54), regionais (p = 0,97) ou à distância (p = 0,33).
O braço SBRT foi associado à SG significativamente maior (91% versus 82% em 3 anos e 87% versus 72% em 5 anos; p = 0,012), com hazar ratio de 0,411 (IC 95%: 0,193 ± 0,875; p = 0,021).
Os autores concluem que a SG e a SLP de longo prazo para o tratamento com SBRT são não inferiores à dissecção de linfonodo mediastinal por VATS em pacientes com CPNPC estádio IA. Portanto, SBRT continua sendo uma abordagem promissora para esta população, mas o manejo multidisciplinar continua sendo fortemente recomendado.
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