Tenho um paciente com leucemia mieloide aguda, e agora? - Oncologia Brasil

Tenho um paciente com leucemia mieloide aguda, e agora?

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Neste podcast, Dr. Eduardo Rêgo, médico hematologista e titular da Faculdade de Medicina da USP, comenta sobre o diagnóstico e manejo da leucemia mieloide aguda (LMA)

 

Apenas em 2020, cerca de 20 mil novos casos e 11 mil óbitos associados à leucemia mieloide aguda (LMA) foram registrados pelo American Cancer Society. Os números expressivos apontam diversas necessidades ainda não atendidas relacionadas à doença, que acomete sobretudo adultos com mais de 65 anos.

“Um dos grandes desafios que enfrentamos é a elevada taxa de mortalidade precoce, na primeira fase do tratamento, que chega a 20%”, pontua o Dr. Eduardo Rêgo, médico hematologista e professor titular da Faculdade de Medicina da USP.

Investigações genômicas da LMA demonstraram que vários genes sofrem mutações recorrentes, levando a recentes classificações genômicas, descobrimento de biomarcadores preditivos e novos alvos terapêuticos. Mutações do gene FLT3 (FMS-like tyrosine kinase 3) ocorrem em aproximadamente 30% de todos os casos de LMA, sendo a mutação FLT3-ITD (internal tandem duplication) a mais comum, cuja prevalência é de 25%. FLT3-ITD é uma mutação driver comum que se apresenta com alta carga leucêmica e, conforme o próprio Dr. Eduardo Rêgo observa, confere pior prognóstico aos pacientes com LMA.

A identificação precoce de mutações FLT3 ajuda na melhor compreensão da doença e permite o acesso a tratamentos individualizados, buscando remissões mais longas e sustentadas. O reconhecimento do FLT3-ITD como um marcador prognóstico adverso levou à integração dos inibidores de FLT3 ao uso do transplante alogênico nos algoritmos de tratamento, resultando em melhorias nos desfechos clínicos nos pacientes com LMA FLT3 mutado.

Os medicamentos direcionados ao FLT3 de primeira geração são inibidores multiquinase de amplo espectro, drogas indicadas como primeira linha terapêutica em pacientes com LMA FLT3 mutado. No entanto, os inibidores de FLT3 de segunda geração são mais específicos, mais potentes e com menos toxicidade associada; estes são inibidores de tirosina quinase, cujo alvo são os estados conformacionais inativos e ativos do domínio da quinase FLT3, e são as drogas de escolha em casos de recaída da doença, afirma Dr. Eduardo Rêgo.

Para saber mais sobre LMA com o especialista Dr. Eduardo Rêgo, que discutiu essas e outras questões inerentes ao diagnóstico e manejo da doença, além de abordar o acesso às terapias para LMA, ouça abaixo o podcast:

 

Referências:

  1. https://www.cancer.org/
  2. Daver N, Schlenk RF, Russell NH, Levis MJ. Targeting FLT3 mutations in AML: review of current knowledge and evidence. Leukemia. 2019 Feb;33(2):299-312.