Tisotumabe-vedotina promove sobrevida e previne progressão em cânceres de colo de útero recidivados ou metastáticos: Resultados do estudo innovaTV 301/ENGOT-cx12/GOG-3057 - Oncologia Brasil

Tisotumabe-vedotina promove sobrevida e previne progressão em cânceres de colo de útero recidivados ou metastáticos: Resultados do estudo innovaTV 301/ENGOT-cx12/GOG-3057

3 min. de leitura

Resultados de ensaio clínico de fase III confirmam ganho de benefício clínico para anticorpo-droga conjugado tisotumabe-vedotina

 

Tisotumabe-vedotina (TV) é um anticorpo droga conjugado composto por um anticorpo monoclonal que tem como alvo o fator tecidual, hiperexpresso em câncer cervical, e pelo agente antimitogênico monometil auristatina E, que inibe a formação de microtúbulos durante a divisão celular, promovendo morte de células neoplásicas. Resultados positivos do estudo de fase 2 innovaTV 204 (NCT03438396) levaram à aprovação acelerada desse medicamento para o tratamento de câncer de colo de útero recidivado ou metastático com progressão após uma linha de tratamento pelo FDA. O ensaio de fase 3 innovaTV 301 (NCT04697628) objetivou confirmar a eficácia desse medicamento nesse contexto de doença e seus resultados foram apresentados recentemente no congresso anual da ESMO ® de 2023. 

Para a realização do estudo, 502 pacientes com câncer de colo de útero recidivado ou metastático progressivo na primeira linha de tratamento foram recrutadas e randomizadas 1:1 para receber TV (N = 253; 2 mg/kg, IV, uma vez a cada 3 semanas) ou o quimioterápico de escolha do investigador (N = 249) entre topotecan, vinorelbine, gemcitabina, irinotecano ou pemetrexede. Os desfechos analisados foram sobrevida global (desfecho primário), sobrevida livre de progressão e taxa de resposta global. 

A idade mediana das pacientes recrutadas foi de 50 anos (variando de 26 a 80) e as características demográficas e da doença foram balanceadas entre os grupos. 63,9% das pacientes tiveram tratamento prévio com bevacizumabe e 27,5% haviam sido tratadas com  anti-PD-L1. Com o tempo de acompanhamento mediano de 10,8 meses (IC95%: 10,3 – 11,6), houve redução de 30% para o risco de morte no grupo tratado com TV em relação ao grupo tratado com quimioterapia (HR: 0,70; IC95%: 0,54 – 0,89; P = 0,0038), com aumento significativo na sobrevida global mediana, que foi de 11,5 meses (IC95%: 9,8 – 14,9) para pacientes que receberam TV e de 9,5 meses (IC95%: 7,9 – 10,7) para pacientes que receberam quimioterapia. Houve melhora também na sobrevida livre de progressão entre pacientes tratados com TV (HR: 0,67; IC95%: 0,54 – 0,82; P<0.0001). Por fim, a taxa de resposta global entre pacientes tratados com TV foi 17,8%, enquanto entre pacientes tratados com quimioterapia foi 5,2% (OR: 4,0; IC95%: 2,1 – 7,6; P<0,0001).  

Em relação à segurança, a taxa de eventos adversos no grupo tratado com TV foi de 87,6%, sendo 29,2% de grau três ou mais, enquanto no grupo tratado com quimioterapia, 85,4% dos pacientes experienciaram eventos adversos, e 45,2% dos pacientes tiiveram eventos de grau 3 ou mais. Os eventos adversos reportados no grupo TV foram consistentes com o perfil de segurança previsto do medicamento, traçado em ensaios anteriores, e incluíram eventos oculares, neuropatia periférica e sangramentos. 

Assim, os resultados do ensaio clínico de fase III innovaTV 301 comprovam a eficácia do  tratamento com TV em segunda ou terceira linha de cânceres de colo de útero recidivados ou metastáticos progressivos, uma vez que esse foi capaz de promover maior taxa de resposta global, sobrevida livre de progressão e sobrevida global quando comparado à quimioterapia, apresentando um perfil de segurança tolerável. 

 

Referência

Ignace B. Vergote. LBA9 – innovaTV 301/ENGOT-cx12/GOG-3057: A global, randomized, open-label, phase III study of tisotumab vedotin vs investigator’s choice of chemotherapy in 2L or 3L recurrent or metastatic cervical cancer. ESMO 2023. Disponível em: https://cslide.ctimeetingtech.com/esmo2023/attendee/confcal/show/session/112