Neste podcast, Dr. Vanderson Rocha, médico hematologista e professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, comenta sobre os desafios do transplante de medula óssea em pacientes com leucemia mieloide aguda e mutações no gene FLT3
A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia maligna de células proliferativas do sistema hematopoiético, caracterizada por evolução clonal e heterogeneidade genética. O risco prognóstico desta doença é definido no diagnóstico com base na presença de certas aberrações citogenéticas e moleculares. Mutações do gene FLT3 ocorrem em aproximadamente 30% de todos os casos de LMA, sendo a mutação FLT3 a mais comum, cuja prevalência é em torno de 25%. Neste podcast, Dr. Vanderson ressalta que pacientes portadores de LMA com FLT3-ITD mutado apresentam uma alta carga de doença e tendência a recaída precoce, ou seja, são pacientes que apresentam um prognostico geral ruim.
A estratificação de risco dos pacientes com mutação em FLT3-ITD é realizada com base na carga alélica e co-mutação NPM1, que confere melhor prognóstico em comparação com FLT3-ITD e NPM1 do tipo selvagem. Além disso, a sobreposição com outras mutações, como WT1, IDH1, DNMT3A são fatores prognósticos que modificam o resultado e a resposta à terapia. A sobreposição com mutações RUNX1, ASXL1, e TP53 definem um risco maior.
Pacientes com mutação FLT3-ITD respondem à quimioterapia convencional com taxas de respostas semelhantes a outros grupos de pacientes, porém são mais propensos a recidivas, que acontecem mais precocemente. O impacto prognóstico das mutações FLT3-TKD é menos claro, mas também é influenciado pela co-mutação em NPM1. O uso dos inibidores de FLT3 tem melhorado muito o prognóstico destes pacientes.
Dr. Vanderson é especialista em transplante de medula óssea (TMO) e ressalta a importância do contato próximo entre o médico da linha de frente e o médico transplantador. A LMA com FLT3 mutado é uma das indicações mais frequentes de TMO. Por esse motivo, uma vez realizado o diagnóstico, é importante iniciar a busca de possíveis doadores. Estes são fatores que ajudam a melhorar o desfecho do transplante, além de garantir um melhor preparo do paciente.
O sucesso do TMO depende da avaliação adequada do paciente e da eleição assertiva do doador. Atualmente, um dos fatores prognósticos de maior importância no resultado do transplante é a ausência de doença residual mensurável (DRM). Sendo assim, é importante que o paciente esteja na melhor condição possível para o transplante e que seja escolhido o melhor doador para cada paciente.
Atualmente, os pacientes unfit, como por exemplo, pacientes idosos, têm chances cada vez maiores de melhorar seu status performance durante o tratamento, o que possibilita que esses pacientes cheguem ao TMO. As alternativas terapêuticas atuais têm se tornado menos intensivas e menos tóxicas, mas com boa eficácia, sendo capazes de levar o paciente à remissão.
Por fim, Dr. Vanderson destaca a importância da educação médica continuada e a busca constante por atualizações relevantes para prática clínica, através da revisão da literatura científica e participação em eventos médicos. A busca pelo aprimoramento constante é essencial para que o médico seja capaz de tratar melhor seus pacientes, utilizando de todas as possibilidades que existem atualmente.
Para saber mais e ouvir os insights do especialista, ouça o podcast.
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