Dra. Débora Gagliato, Oncologista Clínica da Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta os dados de atualização da análise interina planejada do estudo monarchE, apresentados no 2020 San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS).
O tratamento com abemaciclibe e a terapia endócrina padrão reduziu o risco da recorrência da doença invasiva em torno de 28,7% na comparação com terapia endócrina sozinha em pacientes com câncer de mama inicial de alto risco, linfonodo positivo, receptor hormonal positivo (RH+), HER-2 negativo, de acordo uma análise de resultado primário do estudo de fase 3 monarchE.
O estudo designou aleatoriamente 5.637 pacientes para receber tratamento adjuvante com terapia endócrina padrão ou terapia endócrina associada à abemaciclibe por dois anos. Até o momento, 1/4 dos pacientes completou esses dois anos de tratamento.
Anteriormente, com uma mediana de 15,5 meses de acompanhamento, os resultados já indicavam superioridade de sobrevida livre de doença invasiva (SLDi) às pacientes no braço abemaciclibe. Após um acompanhamento médio de aproximadamente 19 meses, a análise interina planejada demonstrou uma redução de risco de 29% para esse grupo (P = 0,0009; HR). Agora, aos dois anos, a taxa SLDi foi de 92,3% para o braço abemaciclibe versus 89,3% para o braço da terapia endócrina isolada, benefício que foi observado para todos os subgrupos. Mesmo no subgrupo de pacientes com Ki-67 alto, um marcador para doença mais agressiva, o risco de doença invasiva diminuiu 31% naqueles tratados com abemaciclibe.
Os eventos adversos emergentes do tratamento mais comuns no braço do abemaciclibe foram diarreia, neutropenia e fadiga, enquanto artralgia, afrontamento e fadiga foram mais comuns no braço da terapia endócrina isolada.
A taxa de descontinuação do tratamento devido aos eventos adversos foi consideravelmente maior para abemaciclibe em comparação à terapia endócrina isolada (17% versus 1%, respectivamente).
Os dados de sobrevida global permanecem imaturos e o estudo está em andamento.
Pode-se concluir que o acompanhamento adicional de quatro meses continua mostrando que a sobrevida livre de doença invasiva (SLDi) é superior com abemaciclibe versus terapia endócrina padrão em um grupo de pacientes de alto risco com câncer de mama RH+.
Os dados são encorajadores, especialmente no subgrupo de tumores com alta proliferação. No entanto, o acompanhamento ainda é bastante curto e a doença com receptor hormonal positivo é conhecida por taxas de recorrências persistentes, mesmo em 10 anos de acompanhamento.
Outro ponto importante a ser considerado é que não se sabe até então qual seria o comportamento das curvas de SLDi se o medicamento fosse interrompido, segundo comentários dos autores.
Referências:
O’Shaughnessy JA, Johnston S, Harbeck N, et al. Primary outcome analysis of invasive disease-free survival for monarchE: abemaciclib combined with adjuvant endocrine therapy for high risk early breast cancer. Presented at: 2020 Virtual San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS).
Johnston SRD, Harbeck N, Hegg R, et al. Abemaciclib combined with endocrine therapy for the adjuvant treatment of HR+, HER2-, node-positive, high risk, early breast cancer (monarchE). Ann Oncol. 2020;31(4):S1143-S1144. Abstract: LBA5_PR.
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