Sabe-se que a terapia trimodal (TMT) de preservação de bexiga é uma opção de tratamento padrão para o carcinoma urotelial de bexiga músculo-invasivo clinicamente localizado com intenção curativa
Durante o Congresso Mundial da ASCO 2021, foi apresentado um ensaio (NCT02621151) que avaliou a segurança e a eficácia do uso de pembrolizumabe associado à TMT no carcinoma urotelial de bexiga músculo-invasivo clinicamente localizado.
O estudo multicêntrico de fase II incluiu pacientes com tumor cT2-T4aN0M0 que recusaram ou eram inelegíveis para cistectomia, ECOG 0/1, clearance de creatinina > 30 e nenhuma contra-indicação para radioterapia pélvica ou pembrolizumabe. Nenhuma quimioterapia perioperatória para carcinoma urotelial de bexiga músculo-invasivo clinicamente localizado foi permitida.
Os pacientes receberam 200mg de pembrolizumabe EV seguido de 2-3 semanas por ressecção transuretral máxima e, depois, radioterapia da bexiga total (52 Gy por 20 frações; IMRT preferido) com gencitabina 27 mg/m2 duas vezes por semana e pembrolizumabe a cada 3 semanas por 3 ciclos. 12 semanas pós-radioterapia, tomografia/ressonância de abdome + pelve e ressecção transuretral do leito tumoral com citologia foram realizados para documentar a resposta.
Até 6 pacientes foram inscritos em uma coorte de segurança (CS), seguido por 48 participantes na coorte de eficácia (CE). O desfecho primário foi a sobrevida livre de doença com bexiga intacta (SLDBI) aos 2 anos. Os principais desfechos secundários foram segurança, taxa de resposta completa de 12 semanas, sobrevida livre de metástases e sobrevida global.
Resultados:
De 05/2016 a 10/2020, 54 pacientes (6 CS, 48 CE; 72% homens) foram recrutados em 5 centros; a idade média foi de 67 para a CS e 74 para a CE. Quanto ao estádio clínico, observou-se a seguinte distribuição: 74% cT2, 22% cT3 e 4% cT4. 39 (72%) recusaram a cistectomia radical. Todos os 6 pacientes na CS e 42/48 (88%) indivíduos na CE completaram toda a terapia do estudo.
Em 01/2021 (mediana de acompanhamento de 40,9 meses para a CS e 11,7 meses para a CE), nenhuma recidiva ocorreu na CS, e 12/48 pacientes na CE tiveram recorrência (6 carcinoma urotelial não músculo-invasivo, 0 músculo-invasivo, 2 locorregionais e 4 à distância). A taxa SLDBI estimada de 1 ano foi de 77% (IC 95% 0,60-0,87). A taxa de 12 semanas de resposta completa foi de 100% na CS e de 83% para a CE.
Na CE, 35% dos pacientes tiveram toxicidade grau ≥ 3 (infecção do trato urinário 8%, diarreia 4%, colite 4%, dor/obstrução na bexiga 4%, neutropenia 2%, trombocitopenia 2%). Os eventos imuno relacionados ao pembrolizumabe grau ≥ 3 incluíram 3 pacientes (6%) com toxicidade gastrointestinal e 1 paciente com perfuração do cólon (grau 4). 1 paciente morreu devido à fungemia, não relacionada à terapia do estudo.
Os pesquisadores concluem que pembrolizumabe adicionado à radioterapia hipofracionada com gencitabina 2 vezes por semana foi bem tolerado, com eficácia promissora nesta análise inicial. A toxicidade relacionada a pembrolizumabe foi consistente com estudos anteriores de monoterapia.
Referências:
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.