Tusamitamab ravtansina vs docetaxel em câncer de pulmão de não pequenas células avançado não escamoso: Resultados do estudo de fase 3 CARMEN-LC03 - Oncologia Brasil

Tusamitamab ravtansina vs docetaxel em câncer de pulmão de não pequenas células avançado não escamoso: Resultados do estudo de fase 3 CARMEN-LC03

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Dados da sobrevida livre de progressão e sobrevida global em pacientes com tumores CEACAM5 – positivos comparando tusamitamab ravtansina e docetaxel 

Tusamitamab ravtansina é um conjugado anticorpo – fármaco (ADC) direcionado à molécula CEACAM5 presente na superfície das células tumorais. Composto por um anticorpo monoclonal humanizado acoplado a uma potente carga citotóxica de maitansinoide (DM4), este ADC atua de maneira específica ao induzir apoptose por meio da inibição da montagem de microtúbulos. Após a ligação às células tumorais, o composto é internalizado e libera o DM4, que não apenas age nas células-alvo, mas também nas células vizinhas, amplificando seu efeito. A tecnologia ADC oferece uma alta especificidade e menor toxicidade em comparação à quimioterapia tradicional, mas sua aplicação requer uma seleção cuidadosa dos pacientes devido aos possíveis efeitos adversos. 

O estudo CARMEN-LC03 (NCT04154956), um ensaio clínico fase 3, aberto, randomizado e multicêntrico, avaliou a eficácia e segurança do tusamitamab ravtansina (tusa rav) em comparação com o docetaxel em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (NSCLC) não escamoso avançado, previamente tratados com quimioterapia à base de platina e imunoterapia. O critério de inclusão foi a expressão elevada de CEACAM5 (≥ 2+ em ≥ 50% das células tumorais, avaliada por imunohistoquímica). Adultos foram randomizados na proporção de 1:1 para receber tusa rav (100 mg/m² a cada 2 semanas) ou docetaxel (75 mg/m² a cada 3 semanas). Os desfechos primários do estudo foram a sobrevida livre de progressão (PFS) e a sobrevida global (OS), com desfechos secundários incluindo a taxa de resposta objetiva (ORR), qualidade de vida (HRQoL), duração da resposta e segurança.  

Na data de análise, os resultados desse estudo pivotal foram apresentados, envolvendo 389 pacientes. Destes, 194 foram alocados para receber tusa rav, enquanto 195 receberam docetaxel. Ao final do acompanhamento, 61 pacientes (36 no grupo tusa rav e 25 no grupo docetaxel) permaneciam em tratamento. A maioria dos participantes já havia passado por uma ou duas linhas de tratamento prévio, com uma idade mediana de 64 anos e predominância de homens (59,6%). 

O tempo mediano de acompanhamento foi de 7,4 meses para a PFS e 18,1 meses para a OS. A PFS mediana foi de 5,4 meses no grupo tusa rav e 5,9 meses no grupo docetaxel (HR: 1,14; IC 95%: 0,86-1,51; p=0,820). Já a OS mediana para o tusa rav, foi de 12,8 meses, em comparação com 11,5 meses para o docetaxel (HR=0,85; IC 95%: 0,64-1,11; p=0,112). A taxa de resposta objetiva (ORR) foi semelhante entre os grupos. 

No que se refere à segurança, os eventos adversos de grau ≥ 3 e eventos graves foram menos frequentes no grupo tusa rav, que também apresentou menor necessidade de interrupções ou redução de dose. Contudo, o grupo tusa rav apresentou maior incidência de atrasos nas doses, principalmente devido a eventos adversos oculares, em particular relacionados à córnea, conforme já observado em estudos anteriores. Nenhum óbito relacionado ao tratamento foi relatado. 

Embora o estudo não tenha atingido o desfecho primário de melhora significativa na SLP, possivelmente devido a uma mediana de PFS e OS inesperadamente maiores no grupo docetaxel. O tusa rav teve melhor segurança em várias categorias clínicas importantes. 

Referências: 

Besse, B., et al., OA08.05Tusamitamab Ravtansine vs Docetaxel in Previously Treated Advanced Nonsquamous NSCLC: Results from Phase 3 CARMEN-LC03 Trial. WCLC® 2024. Disponível em: https://cattendee.abstractsonline.com/meeting/20598/Session/145 

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