Utilização de mitotano no tratamento do carcinoma de adrenal - Oncologia Brasil

Utilização de mitotano no tratamento do carcinoma de adrenal

2 min. de leitura

O estudo clínico ADIUVO avaliou a utilização de mitotano como tratamento adjuvante de pacientes com carcinoma de adrenal e risco baixo ou intermediário de recorrência

As diretrizes do ESE-ENSAT sobre o manejo do carcinoma de adrenal sugerem mitotano adjuvante para pacientes com alto risco de recorrência. Entretanto, essa indicação tem base de evidências limitada, faltando resultados de ensaios clínicos randomizados. Nenhuma sugestão a favor ou contra o uso de mitotano adjuvante em pacientes de baixo risco foi dada, uma vez que os estudos não estratificaram os pacientes quanto ao prognóstico.  

Neste sentido, o estudo clínico randomizado ADIUVO tem o objetivo de avaliar a indicação do mitotano como terapia adjuvante no carcinoma de adrenal com o intuito de avaliar a diminuição as taxas de recidiva e acrescentar evidências às recomendações hoje preconizadas. 

Esse estudo controlado e randomizado comparou o mitotano em adjuvância vs. observação clínica buscando avaliar o prolongamento de sobrevida livre de recidiva como desfecho primário em pacientes com risco baixo ou intermediário de recorrência. 

Para isso, 91 pacientes com estágio I, II ou III e Ki-67 menor que 10% foram randomizados em 1:1. As características da doença e da população foram equilibradas, não havendo diferenças estatisticamente significativas com relação ao sexo, estágio da doença ou idade. As taxas de secreção hormonal do tumor apresentaram maior discrepância, com 44% dos pacientes no grupo do mitotano e 36% no grupo que recebeu observação clínica. 

Os resultados apresentaram 8 pacientes que recidivaram doença no grupo que recebeu mitotano e 11 no grupo da observação clínica, com 2 e 5 óbitos, respectivamente. A sobrevida livre de recidiva não difere entre os braços do estudo, tampouco a sobrevida global. A taxa de risco (HR) para recidiva no grupo da observação clínica foi de 1,321 (IC 95% 0,55 – 3,32; p = 0,54) e o HR para óbito foi de 2,71 (IC 95% 0,52 – 12,12; p = 0,29). 

Conclui-se, pois, que os resultados obtidos não endossam o uso rotineiro de mitotano na adjuvância do carcinoma do córtex da suprarrenal. Ademais, os eventos adversos podem ser maiores no grupo que recebeu a droga, o que corrobora com essa conclusão. 

Referências:  

Alfredo Berruti et al., First randomized trial on adjuvant mitotane in adrenocortical carcinoma patients: The Adjuvo study. J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 6; abstr 1). DOI: 10.1200/JCO.2022.40.6_suppl.001.