Variantes Patogênicas em Genes Associados ao Câncer de Ovário: Aconselhamento Genético Baseado na Ancestralidade - Oncologia Brasil

Variantes Patogênicas em Genes Associados ao Câncer de Ovário: Aconselhamento Genético Baseado na Ancestralidade

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Estudo demonstra a necessidade de testagem genética universal em pacientes com câncer de ovário, tendo em vista sua implicação tanto no tratamento oncológico quanto no risco familiar

O câncer de ovário está ranqueado como a principal causa de morte dentre os tumores ginecológicos, sendo que 15-20% dos cânceres epiteliais de ovário (EOC) possuem alguma variante patogênica germinativa/possivelmente patogênica (PV), sendo BRCA1 e BRCA2 as mais comuns, além de genes envolvidos na recombinação homóloga ou reparo ao DNA. Ainda que o teste para variantes germinativas em pacientes recém diagnosticadas seja recomendado, há uma disparidade quando se observa o aconselhamento genético, tendo em vista que esse é baseado na ancestralidade europeia, gerando uma lacuna para outras ancestralidades. 

Diante dessa necessidade clínica, Tiffany Y. Sia e demais investigadores ao acreditarem que as taxas de PV variam entre grupos ancestrais e que influenciam diretamente no teste genético, aconselhamento e cuidado, propuseram um estudo avaliando as diferenças nas taxas de PV e subsequente aconselhamento genético baseado na ancestralidade auto-declarada e geneticamente determinada, em pacientes diagnosticadas com EOC que realizaram avaliação de variantes germinativas como parte do cuidado clínico. 

Foram incluídas e avaliadas 1266 pacientes dentre as quais além da ancestralidade autodeclarada, a ancestralidade determinada geneticamente permitiu reclassificações. Do ponto de vista de achados germinativos relacionados à ancestralidade, as variantes patogênicas foram observadas em 313 pacientes (25%), sendo 195 (15%) com PV em genes associados ao EOC. Traçando um paralelo entre a variante e características clínicas, essas pacientes com PV eram mais jovens ao diagnóstico (59 vs. 62 anos; p<0,001) e mais propensas a apresentarem carcinoma seroso de alto grau (83% vs. 72%; p=0,009). As variantes patogênicas variaram entre os grupos de ancestralidade (p<0,001), sendo as maiores taxas em Ashkenazi Jewish – AJ (39,9%) e asiáticos (26,5%), com taxas de 10% maior que os demais grupos. 

Diante desse fato, pacientes mais jovens, histologia serosa e autodeclaração ancestral como AJ ou asiático foram associadas a variantes patogênicas em genes associados ao EOC. De modo geral, as taxas foram altas independentemente do grupo ou de autodeclaração/ancestralidade genética (10%-24%), demonstrando a importância de um uma testagem genética universal e necessidade de maior equidade na testagem e aconselhamento. 

Referência

  1. Sia TY, Maio A, Kemel YM, et al. Germline Pathogenic Variants and Genetic Counseling by Ancestry in Patients With Epithelial Ovarian Cancer. JCO Precis Oncol. 2023 
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