Análise interina do estudo CONTRIM aposta na nsRPLND como alternativa ao tratamento padrão de radioterapia ou quimioterapia em pacientes com seminoma IIA/IIB
O câncer de testículo trata-se da malignidade sólida mais comum entre homens jovens adultos, dentre esses tipos tumorais, os seminomas têm origem nas células epiteliais germinativas dos túbulos seminíferos e compreendem cerca de 50% de todos os tumores de células germinativas testiculares. No diagnóstico inicial, aproximadamente 70% dos pacientes têm doença estadiamento I (níveis de marcadores tumorais normais, sem comprometimento linfonodal ou metástase à distância) e os 30% restantes já apresentam doença metastática. Seminomas estadiamentos IIA são doenças metastáticas de baixo volume com metástase infradiafragmática menor de 2cm, ao passo que os seminomas estadiamentos IIB possuem metástase infradiafragmática entre 2-5cm.
Tem-se nos guidelines, como opção terapêutica, a administração de radioterapia ou quimioterapia sistêmica com 3 ciclos de PEB (Bleomicina+Etoposídeo+Cisplatina) em casos de seminomas com marcadores negativos e estadiamento IIA/B. Ainda que possuam altas taxas de cura (90-94% e 82-90%, seminoma IIA/B, respectivamente) as taxas de toxicidade a longo prazo são igualmente significantes. Frente a isso, o estudo prospectivo COTRIMS (Cologne Trial of Retroperitoneal Lymphadectomy in Metastatic Seminoma) avalia a viabilidade, eficácia oncológica e morbidade associada a dissecção de linfonodos retroperitoneais com preservação de nervos (nsRPLND) em primeira linha no tratamento de pacientes com seminoma IIA/B.
Foram recrutados 30 pacientes com marcadores negativos e estadiamentos IIA/IIB. Todos os pacientes incluídos foram submetidos à nsRPLND, com follow-up de imagens e avaliação de marcadores tumorais a cada 3 meses nos primeiros 2 anos, 6 meses no 3º ano e em seguida anualmente.
A mediana de follow-up foi de 29,4 (1-60) meses. Todos os pacientes eram virgens de tratamento sendo 19 diagnosticados com seminoma IIA e 11 com seminoma IIB. Não foram observadas complicações associadas à cirurgia, na qual a mediana de linfonodos dissecados foi de 18 (7-57), sendo a mediana de linfonodos positivos de 1,3 (1-2). A histologia desses linfonodos retornou 25 pacientes com seminoma metastático. 10 pacientes tiveram avaliação sérica de miR371 antes da cirurgia de modo que esse marcador foi capaz de predizer doença metastática em 9 pacientes e histologia benigna em 1 paciente. Apenas dois pacientes apresentaram recidiva 4 e 6 meses após cirurgia, mas foram recuperados com quimioterapia sistêmica com 4 ciclos de PEB.
As análises interinas do estudo COTRIMS apresentam as altas taxas de cura mediante nsRPLND, associada a uma baixa frequência de morbidades, despontando essa proposta como uma alternativa à radioterapia ou quimioterapia sistêmica padrão. Adicionalmente, o estudo destaca o possível papel do miR371 como possível marcador de presença/ausência de metástase.
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