A adjuvância estendida com hormonioterapia é uma realidade no tratamento atual de pacientes com câncer de mama que expresse receptores hormonais (RH+). Contudo, a seleção de pacientes que mais se beneficiariam dessa estratégia ainda é tópico controverso entre os especialistas. O Dr. Gilberto Amorim, chefe da oncologia mamária da Rede D’Or, comentou, para a Oncologia Brasil, o mais novo trabalho sobre o tema, apresentado no ASCO 2019, congresso que aconteceu em Chicago (EUA), de 31 de maio a 04 de junho.
O médico discorreu sobre o estudo GIM4 LEAD, que recrutou pacientes italianas na pós-menopausa, que haviam sido diagnosticadas com câncer de mama RH+ e encontravam-se em adjuvância com tamoxifeno há 2-3 anos, sem sinais de recorrência. As pacientes receberam tratamentos de curta (2-3 anos – até completar total de 5 anos de hormonioterapia) ou longa (5 anos) duração com letrozol e foram avaliadas para o desfecho primário de sobrevida livre de doença (SLD).
Conforme o oncologista enfatizou, o estudo foi formalmente negativo para seu objetivo primário na população de intenção de tratar, apresentando uma diferença absoluta de 3% em SLD, favorável ao grupo de terapia de longa duração, porém com hazard ratio de 0,84, sem significância estatística (p = 0,09).
Com seguimento mediano de 10,4 anos, apenas 56% das pacientes do grupo de adjuvância estendida conseguiram completar o tratamento na duração proposta. O médico lembrou que essa pode ser uma medicação difícil de ser tolerada por boa parte das pacientes e destacou que, também por isso, é preciso selecionar bem a paciente para a estratégia de adjuvância estendida. Com esses dados, mantém-se o debate sobre o tema e novas ferramentas que ajudem na tomada de decisão quanto à duração da hormonioterapia continuam a ser investigadas, para uso futuro dos oncologistas.
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