Estudo com pacientes brasileiras com câncer de mama HER2+ metastático destaca a importância de dados do mundo real para otimizar práticas terapêuticas e melhorar adesão a guidelines
O câncer de mama HER2+ corresponde a cerca de 15 a 20% dos tumores de mama, sendo caracterizado por um fenótipo mais agressivo, com maior risco de recorrência e, consequentemente, piores desfechos clínicos. Para esses casos, uma abordagem inovadora foi a introdução de medicamentos com alvo em HER2, como o trastuzumabe deruxtecano. Este tratamento, especialmente indicado para pacientes com doença irressecável ou metastática, tem demonstrado redução significativa nas taxas de recorrência e contribui para uma sobrevida prolongada.
A ampliação das possibilidades terapêuticas, com diferentes sequências de tratamento adaptadas a características clínicas específicas, tornou a tomada de decisão mais complexa. Esse cenário ressalta a necessidade de diretrizes clínicas claras, bem estruturadas e constantemente atualizadas, que sejam efetivamente incorporadas à prática médica, garantindo tratamentos mais eficazes e personalizados.
Para a elaboração de guidelines apropriados e com boa aderência, especialmente para a população brasileira, é imprescindível contar com dados provenientes de coortes de mundo real. No entanto, esses dados são escassos na literatura médica. Diante dessa lacuna, o Dr. Carlos Barrios e demais investigadores propuseram-se a realizar uma análise retrospectiva da coorte brasileira do estudo HER2 REAL, com foco principal na avaliação dos padrões de tratamento adotados.
Foram incluídos e avaliados 120 pacientes diagnosticados com câncer de mama HER2+ irressecável ou metastático, acompanhados por pelo menos 12 meses e que completaram ao menos uma linha de tratamento (LOT). De modo geral, 62% dos pacientes apresentavam metástase visceral e 20% metástase em sistema nervoso central (SNC). Na análise dos padrões de tratamento, 89,2% dos pacientes receberam a primeira linha terapêutica (LOT1), 67,5% a segunda linha (LOT2) e 30% a terceira linha (LOT3). As taxas de descontinuação em cada linha foram de 19,6%, 33,3% e 11,1%, respectivamente, principalmente devido à progressão da doença.
Em primeira linha, o regime mais frequentemente utilizado foi trastuzumabe + pertuzumabe + quimioterapia (35,5%); em segunda linha, o tratamento predominante foi trastuzumabe emtansina (T-DM1; 16%); e, em terceira linha, a combinação mais comum foi trastuzumabe + quimioterapia (27,8%). Com mediana de acompanhamento de 35,6 meses, a taxa de sobrevida em 2 anos foi de 52%. Já a mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) para LOT1 com trastuzumabe + pertuzumabe + quimioterapia foi de 14,1 meses (IC 95%: 9,2-21,7).
Esses resultados evidenciam uma baixa adesão às orientações de guidelines recomendados para essas doenças. Os padrões subótimos observados podem refletir barreiras e dificuldades enfrentadas na prática clínica diária, reforçando a importância de estudos que analisem coortes de mundo real como evidências complementares às obtidas exclusivamente a partir de ensaios clínicos randomizados.
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