Perfil genômico pode ser a chave para melhores opções de tratamentos em câncer de sítio primário desconhecido (CUP): CUPISCO trial - Oncologia Brasil

Perfil genômico pode ser a chave para melhores opções de tratamentos em câncer de sítio primário desconhecido (CUP): CUPISCO trial

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Dados preliminares do estudo CUPISCO, apresentados no ESMO Congress 2019, propõem a utilização do perfil genômico abrangente (PGA) para a condução de imunoterapia ou terapia alvo-dirigida (terapia guiada por alvos moleculares) para pacientes com câncer de sítio primário desconhecido (CUP).

O estudo se baseou em amostras de tecido de 303 casos, não-diferenciados e de adenocarcinoma de sítio primário desconhecido, armazenados no banco de dados FoundationCoreTM.

As amostras passaram por PGA híbrido baseado em captura (FoundationOneVR CDx), para cálculo da instabilidade de microssatélites (MSI), tumor mutation burden (TMB) e a perda genômica de heterozigosidade (gLOH). A expressão de PD-L1 foi mensurada por imuno-histoquímica. Os pacientes foram classificados a partir da capacidade de alocação em algum dos braços do estudo CUPISCO com base nos resultados do PGA.

A mediana da idade dos pacientes foi de 67 anos (variando entre 22 e 89 anos). A PGA revelou que 96 pacientes (32%) se enquadravam nos critérios de classificação para algum dos braços do CUPISCO (quadro).

Braço CUPISCO% alteração genômica
Alectinibe0,66
Vismodegibe1,32
Ipatasertibe8,25
Olaparibe5,61
Erlotinibe + bevacizumabe2,31
Vemurafenibe + cobimetinibe2,97
Trastuzumabe subcutâneo + pertuzumabe + QT9,24
Atezolizumabe9,24
Entrectinibe (em desenvolvimento)0,33
Quadro 1

O TMB média foi de 8 mutações/megabase. Um por cento dos pacientes tinha alta MSI, e 20% dos pacientes apresentaram uma gLOH de 16. Quatorze por cento dos pacientes tinha alta expressão de PD-L1. As principais alterações genômicas incluíram HER2 (7%), PIK3CA (6%), NF1 (6%), NF2 (5%), BRAF (4%), PTEN (4%), FGFR2 (4%), EGFR (4%), MET (4%), CDK6 (3%), FBXW7 (2%) e CDK4 (2%).

Fusões genéticas principais envolveram ALK, RET e ROS1 (1% para todas). O KRAS estava mutado em 27% dos pacientes, e o G12C em 6%. Dos 23 casos de TMB que puderam ser investigados a fundo, 35% (8 casos) tinham uma mutação associada ao tabaco, e 22% (5 casos) à luz UV ou mismatch repair. Vinte por cento dos casos possuíam alguma mutação germinativa.

O estudo CUPISCO evidenciou, portanto, que é possível extrair uma ampla quantidade de dados a respeito do tumor de um paciente com base na testagem de perfil genômico abrangente. Dados que permitem entender cada caso e melhor classificá-los nos braços de tratamento do estudo. 32% dos pacientes cujos tecidos foram estudados estariam elegíveis para algum tipo de terapia guiada por alvos moleculares, mesmo com a incerteza quanto à origem primária de seus tumores.

Os autores sugerem que sejam conduzidos estudos baseados em biomarcadores adicionais, como expressão de PD-L1 e gLOH, para promoção de tratamentos mais específicos e com potencial benefício para esses pacientes com CUP.

O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site www.oncologiabrasil.com.br/esmo-19, e nas nossas redes sociais.

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