A Dra. Angélica Nogueira, oncologista clínica da Universidade Federal de Minas Gerais e do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, comenta os principais estudos publicados em 2019 e seu impacto nas mudanças no tratamento dos tumores ginecológicos.
O papel de inibidores de PARP esteve mais uma vez em voga no tratamento de pacientes com carcinoma epitelial de ovário. Os estudos PRIMA, PAOLA-1 e VELIA trouxeram novos dados que reforçam o benefício dessa classe de medicações para tumores serosos ou endometrioides de alto grau, estádios III-IV.
Enquanto o PRIMA mostrou benefício para a população geral com uso de niraparibe, os demais estudos mostraram ganho principalmente na população de pacientes com deficiência de recombinação homóloga.
O estudo PAOLA-1 também foi o primeiro a avaliar a combinação de um inibidor de PARP, olaparibe, ao bevacizumabe de manutenção, mostrando ganho com a associação das medicações.
Já o estudo GOG 213 avaliou pacientes com câncer de ovário avançado e recidivado e mostrou que há impacto positivo em reexpor essas pacientes ao bevacizumabe, porém não parece haver benefício em submetê-las a cirurgias de resgate, à exceção daquelas com alta probabilidade de ressecção completa.
Ainda assim, as pacientes que puderam ter ressecções completas tiveram ganho em relação às que tiveram ressecções parciais, mas não apresentaram ganho em relação às que receberam tratamento quimioterápico de escolha, associado ao antiangiogênico.
Para o câncer de endométrio, cenário em que poucos tratamentos eficazes existem para a doença avançada, dados da combinação de lenvatinibe e pembrolizumabe, evidenciando taxas de resposta importantes de 38% e duração de resposta de 22, levaram à aprovação dessa associação nos EUA, Canadá e Austrália. Observou-se ganho mesmo considerando-se a população geral, que contava com pacientes com estabilidade de microssatélites.
Houve também novos dados relacionados ao estudo PORTEC-3, reforçando os resultados já antes vistos, e com novas análises moleculares, mostrando que pacientes com mutação de TP53 em seus tumores parecem ter maior benefício com a quimioterapia, enquanto aquelas com mutações em POLE têm melhor prognóstico, independente do tratamento de escolha.
Por fim, destacou-se a nova potencial aplicabilidade da combinação de nivolumabe e ipilimumabe para o câncer de colo uterino avançado, com taxa de resposta importante de 35%, chegando a 45% nas pacientes que não haviam recebido tratamento sistêmico prévio.
O ano de 2019 foi, portanto, extremamente promissor para o campo de tumores ginecológicos, com novos avanços terapêuticos e mudanças importantes de paradigmas de tratamento, que permitirão maior refinamento na escolha da abordagem mais adequada para cada paciente.
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