Especialistas abordam como a nova opção de tratamento sistêmico para carcinoma hepatocelular altera a prática clínica
Dra. Aline Chagas, médica hepatologista e coordenadora da equipe de Gastroenterologia e Hepatologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), e Dr. Leonardo Fonseca, médico oncologista do ICESP, discutem a nova medicação aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratamento sistêmico do carcinoma hepatocelular (CHC): a combinação de atezolizumabe e bevacizumabe.
O regime foi aprovado com base no estudo IMbrave150 – publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) recentemente – e resultou em uma grande novidade na prática clínica, ampliando a gama de opções de tratamento e oferecendo um grande benefício de sobrevida global aos pacientes.
O estudo, de acordo com os médicos, é um marco histórico no tratamento do carcinoma hepatocelular dada a superioridade da combinação atezolizumabe e bevacizumabe em relação à terapia padrão dos últimos anos com sorafenibe. Além disso, esta é a primeira vez que uma nova classe de drogas dos imunoterápicos é incorporada com sucesso no tratamento do carcinoma hepatocelular avançado.
O Paciente
Os especialistas comentaram ainda sobre os cuidados com o paciente com carcinoma hepatocelular, seja a doença inicial, intermediária ou avançada, e a importância de uma abordagem multidisciplinar desde o diagnóstico até o tratamento sistêmico e acompanhamento.
Para a hepatologista, é fundamental avaliar cirrose, risco de sangramento, grau de hipertensão portal, presença ou não de varizes esofágicas, entre outras características em todas as etapas. Somado a isso, complementa o oncologista, a incorporação do novo regime proporcionará aumento de sobrevida dos pacientes e, consequentemente, demandará mais atenção dos profissionais quanto ao risco de complicações e eventos adversos do próprio tratamento. A colaboração entre as equipes, nesse contexto, se torna ainda mais essencial, tanto nas discussões quanto nas decisões da melhor conduta terapêutica a ser utilizada.
Resultados
Dra. Aline e Dr. Leonardo destacam, entre os principais resultados, a taxa de resposta em torno de 33% apresentada por um grupo de pacientes, o que não se observava antes em nenhum dos estudos com inibidores tirosina quinase. Isso indica que alguns pacientes com doença restrita ao fígado (aproximadamente 20% dos incluídos no IMbrave150) podem ter suficiente redução da carga tumoral a ponto de devolver aos médicos a possibilidade de tratamentos locais nesses casos.
Perspectivas
Por fim, os médicos acreditam que as perspectivas são bastante promissoras, uma vez que já existem diversos estudos em andamento avaliando a combinação de imunoterapia com outras drogas ou combinações de imunoterapia com diferentes mecanismos de ação. Esses resultados, se positivos, podem novamente transformar os algoritmos de tratamento sistêmico do carcinoma hepatocelular. No futuro, segundo eles, a incorporação dessas medicações será em estágios cada vez mais precoces da doença e/ou associados a outras terapias, ao tratamento loco-regional, ou ainda no pós-tratamento cirúrgico para prevenção de recidivas.
Referências:
Finn, RS et al Atezolizumab plus Bevacizumab in Unresectable Hepatocellular Carcinoma. NEJM, 2020; 382:894-1905
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