Eficácia de olaparibe como terapia de manutenção no câncer de ovário avançado recém-diagnosticado e mutação BRCA: 5 anos de acompanhamento do estudo SOLO-1
Os pacientes com câncer de ovário avançado recém-diagnosticado apresentam alto risco de recidiva, com sobrevida de 5 anos em torno de 30% a 50%. Os tratamentos para esse cenário têm por objetivos, consequentemente, atrasar a recorrência da doença, prolongar a sobrevida e aumentar as chances de cura.
No SOLO1 (NCT01844986; GOG-3004), pacientes com câncer de ovário e mutação no gene BRCA (BRCAm), que estavam em resposta após quimioterapia de primeira linha à base de platina, apresentaram um significativo benefício de sobrevida livre de progressão (SLP) com olaparibe de manutenção versus placebo. Após um acompanhamento médio de 41 meses, o risco de progressão da doença ou morte foi 70% menor com olaparibe do que com placebo (estimativa de Kaplan-Meier da taxa de sobrevida livre de progressão de doença e morte em 3 anos: 60% versus 27%; HR para progressão da doença ou morte: 0,30; p < 0,001)[1].
SOLO1 é um estudo internacional, randomizado, duplo-cego, de fase 3 para avaliar a eficácia do olaparibe como terapia de manutenção em pacientes com câncer de ovário endometrioide ou seroso de alto grau recém-diagnosticado (FIGO III ou IV), câncer peritoneal primário ou câncer das trompas de Falópio (ou uma combinação dos mesmos) com uma mutação em BRCA1, BRCA2 ou ambos (BRCA1/2) que teve uma resposta clínica completa ou parcial após quimioterapia à base de platina.
Foram randomizadas 391 pacientes em uma proporção de 2:1 para receber olaparibe 300 mg via oral duas vezes ao dia ou placebo por até dois anos ou até progressão de doença. No ESMO Virtual Congress 2020, dados de 5 anos de acompanhamento foram apresentados, com análise das informações realizadas até a data de 5 de março de 2020.
A SLP e a sobrevida livre de recorrência (SLR) foram avaliadas pelo investigador pelo RECIST1.1 modificado. Para pacientes em resposta completa (RC) no início do estudo, a SLR foi definida post hoc como o tempo desde a randomização até a recorrência da doença (novas lesões por imagem) ou morte.
Ao todo, 260 pacientes foram randomizadas para olaparibe e 131 para o grupo placebo (duração média do tratamento de 24,6 versus 13,9 meses, respectivamente). Após uma mediana de 4,8 e 5,0 anos de acompanhamento, a SLP mediana foi de 56 versus 13,8 meses. Entre os pacientes com resposta completa no início do estudo, o risco de recorrência da doença ou morte foi reduzido em 63%.
O perfil de segurança do olaparibe foi consistente com observações anteriores. Nenhum novo caso de síndrome mielodisplásica ou leucemia mieloide aguda foi relatado e a incidência de novas doenças malignas primárias permaneceu equilibrada entre os braços (olaparibe, 7/260 [3%]; placebo, 5/130 [4%]).
Os autores concluíram que para pacientes com BRCAm e câncer de ovário avançado recentemente diagnosticado, o benefício proveniente de 2 anos de olaparibe de manutenção foi sustentado além do final do tratamento, sendo que após 5 anos quase metade dos pacientes estavam livres de progressão versus 20% no grupo placebo. Mais de 50% dos pacientes com resposta completa após a quimioterapia de primeira linha à base de platina permaneceram livres de recidiva após 5 anos. Os dados de 5 anos de acompanhamento são os mais longos qualquer inibidor de PARP nesse cenário.
Referências:
Moore K, Colombo N, Scambia G, Kim BG, Oaknin A, Friedlander M, Lisyanskaya A, Floquet A, Leary A, Sonke GS, Gourley C. Maintenance olaparib in patients with newly diagnosed advanced ovarian cancer. New England Journal of Medicine. 2018 Dec 27;379(26):2495-505.
https://cslide.ctimeetingtech.com/esmo2020/attendee/confcal_1/show/session/261
Presentation Number 811MO – Banerjee, S. Maintenance olaparib for patients (pts) with newly diagnosed, advanced ovarian cancer (OC) and a BRCA mutation (BRCAm): 5-year (y) follow-up (f/u) from SOLO1. ESMO 2020.
DiSilvestro, P et al. Efficacy of Maintenance Olaparib for Patients With Newly Diagnosed Advanced Ovarian Cancer With a BRCA Mutation: Subgroup Analysis Findings From the SOLO1 Trial. Journal of Clinical Oncology – published online before print August 4, 2020
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