Primeiro estudo de fase III com anticorpo-droga conjugado a apresentar melhora de sobrevida livre de progressão e sobrevida global
O estudo randomizado fase 3 ASCENT avaliou a superioridade de sacituzumabe-govitecano (S-g) versus tratamento por escolha do médico (TPC) em pacientes com câncer de mama triplo-negativo metastático tratado anteriormente (mTNBC). Sabe-se que nessas pacientes a quimioterapia (QT) padrão está associada a baixas taxas de resposta objetiva (TROs) e sobrevida livre de progressão (SLP) mediana curta. Novas tecnologias têm proporcionado o desenvolvimento de drogas promissoras nesse cenário.
O sacituzumabe-govitecano (S-g) é um anticorpo-droga conjugado (ADC) de primeira classe composto por um anticorpo anti-Trop-2 acoplado ao metabólito ativo do irinotecano, SN-38, por meio de um ligante hidrolisável exclusivo que permite que o composto SN-38 seja liberado dentro da célula cancerígena e no microambiente tumoral (efeito espectador).
Os resultados do estudo global – que atingiu seu objetivo primário de sobrevida livre de progressão (SLP) – confirmam as observações iniciais de que sacituzumabe-govitecano estabeleceu uma nova referência em inovação científica e clínica para pacientes com mTNBC e tem o potencial de mudar o gerenciamento padrão da doença, oferecendo uma nova alternativa aos medicamentos comuns atualmente na prática clínica.
No ASCENT (NCT02574455), pacientes com mTNBC que tiveram doença recidivante/refratária após ≥2 quimioterapias anteriores no cenário avançado/metastático (sendo necessário o uso prévio de taxano) foram randomizados na proporção de 1:1 para receber S-g (10 mg/kg IV nos dias 1 e 8 a cada 21 dias) ou tratamento de agente único de acordo com a escolha do médico (capecitabina, eribulina, vinorelbina ou gencitabina) até progressão da doença ou toxicidade inaceitável.
O desfecho primário foi SLP medida por revisão central por RECISTv1.1 na população negativa para metástases cerebrais (BMneg). Os principais desfechos secundários foram sobrevida global (SG), TRO e segurança.
De 529 pacientes inscritos, 468 eram BMneg. O S-g (n = 235) em comparação com tratamento de acordo com a escolha do médico (n = 233) melhorou significativamente a mediana de SLP (5,6 versus 1,7 meses; HR 0,41; p <0,0001) e SG mediana (12,1 versus 6,7 meses; HR 0,48; p <0,0001). A TRO foi de 35% para SG versus 5% para tratamento segundo a escolha do médico (p <0,0001).
As reações adversas mais comuns que ocorrem em 25% ou mais dos pacientes incluíram náusea, neutropenia, diarreia, fadiga, anemia, vômito, alopecia, constipação, diminuição do apetite, erupção cutânea e dor abdominal. Os eventos adversos de grau 3 ou 4 mais comuns (ocorrendo em mais de 5% dos pacientes) foram neutropenia, contagem de leucócitos diminuída, anemia, hipofosfatemia, diarreia, fadiga, náuseas e vômitos. 2% dos pacientes interromperam o tratamento devido a eventos adversos. Não houve mortes relacionadas ao tratamento e nenhum caso grave de neuropatia ou doença pulmonar intersticial.
Os autores concluem que ASCENT é o primeiro estudo de fase III de um ADC com melhora significativa de SLP e SG em relação à quimioterapia padrão em mTNBC pré-tratado, confirmando a atividade clínica e o perfil de segurança da monoterapia com S-g.
Referências:
LBA17 – ASCENT: A randomized phase III study of sacituzumab govitecan (SG) vs treatment of physician’s choice (TPC) in patients (pts) with previously treated metastatic triple-negative breast cancer (mTNBC). ESMO2020 Abstracts.
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Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
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