Avelumabe proporcionou benefícios a pacientes com carcinoma de células de Merkel metastático em uma análise de população da LATAM inscritos em um Programa de Acesso Expandido global
O carcinoma de células de Merkel (CCM) é uma neoplasia rara, de incidência variável em todo o mundo. A doença é altamente agressiva, com uma taxa de mortalidade estimada superior a um terço, tornando-o duas vezes mais letal que o melanoma. Embora avanços importantes tenham ocorrido nos últimos anos, o prognóstico permanece reservado e quase 50% dos pacientes podem ter recidiva após uma média de 9 meses.
Dados precisos sobre o CCM na América Latina (LATAM) são escassos como consequência de vários fatores, incluindo diferenças sociais, geográficas, culturais e econômicas entre os países.
Publicado esta semana na Cancer Immunology, Immunotherapy, estudo de autoria do oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo Dr. Rodrigo Munhoz descreveu uma experiência de mundo real com o uso de avelumabe, um anticorpo anti-PD-L1, como tratamento de segunda linha (ou primeira linha em pacientes não fictícios) em um subconjunto de participantes da LATAM inscritos em um Programa de Acesso Expandido (EAP) global que apresentavam CCM metastático. Os resultados têm como objetivo melhorar o conhecimento atual sobre o tratamento do CCMm e o acesso às estratégias imunooncológicas para os pacientes da região.
Os participantes do EAP (NCT03089658) tinham CCM metastático confirmado e não estavam aptos para quimioterapia, falharam em pelo menos uma linha de quimioterapia prévia (definida como um mínimo de dois ciclos) ou não eram elegíveis para participar de qualquer ensaio clínico em andamento para CCM (incluindo o estudo JAVELIN Merkel 200 [NCT02155647]). Em contraste com o JAVELIN Merkel 200, os pacientes no EAP eram todos da América Latina e poderiam ter status de desempenho ECOG de 0 a 3, metástases cerebrais tratadas e/ou condições de imunossupressão.
Avelumabe foi fornecido por três meses. Os pacientes receberam 10 mg/kg de avelumabe EV a cada duas semanas até progressão de doença (PD) ou toxicidade inaceitável. A reexposição ao avelumabe foi permitida para pacientes que apresentaram resposta completa (RC), resposta parcial (RP), doença estável (DE) ou benefício clínico por avaliação do médico assistente, mesmo em pacientes com progressão de doença. A atividade antitumoral foi avaliada por RECIST v1.1. Os médicos eram responsáveis pelo monitoramento da segurança e da eficácia do avelumabe e foram solicitados a relatar os eventos adversos (EAs) à Global Drug Safety.
Um total de 75 solicitações da LATAM foram preenchidas e 46 (61,33%) pacientes foram elegíveis para a revisão de resultados. A idade média foi de 71,6 anos e 60,9% dos pacientes latino-americanos eram do sexo masculino.
Respostas objetivas avaliadas pelos médicos estavam disponíveis para 19 pacientes, incluindo RC em 15,8% (n = 3) e RP em 42,1% (n = 8). A taxa de resposta objetiva (TRO), portanto, foi de 57,9% (n = 11). Idade avançada foi associada a maiores taxas de benefícios clínicos. Enquanto os três pacientes com menos de 65 anos apresentaram PD, os pacientes mais velhos apresentaram RC (n = 3), RP (n = 8), doença estável (n = 2) ou PD (n = 3). O EAP foi encerrado em 31 de dezembro de 2018 devido à aprovação regulatória em vários países.
Segundo Munhoz, “as taxas de resposta reportadas em uma população de vida real replicam o que foi visto em estudos clínicos e reforçam a eficácia da imunoterapia para essa população selecionada LATAM”.
De acordo com o banco dos dados de segurança, incluindo eventos cumulativos, os médicos relataram três eventos adversos relacionados ao tratamento em pacientes latino-americanos (dor abdominal não grave, erupção cutânea não grave e fadiga grave). No entanto, os eventos de segurança podem ter sido subnotificados pelos médicos responsáveis pelo tratamento. Nenhum novo sinal de segurança foi identificado nesta população.
Conclui-se, assim, que o avelumabe proporcionou benefícios a pacientes com CCM metastático em uma análise de população de mundo real. Para o oncologista, portanto, “esses dados da experiência, utilizando a casuística da América Latina, reforçam os avanços obtidos no Carcinoma de Células de Merkel com a incorporação da imunoterapia, que hoje representa a primeira linha de tratamento padrão nesses pacientes, salvo situações excepcionais”. Esses resultados são os primeiros dados regionais sobre o tratamento com avelumabe nessa população de pacientes.
Referências:
Munhoz, R.R., Cayol, F., Corrales, L. et al. Merkel cell carcinoma in Latin America: a contribution from an expanded access program for avelumab to address issues from experts recommendations. Cancer Immunology Immunotherapy (2020). Published: 26 october 2020.
Lebbe C, Becker JC, Grob JJ et al (2015) Diagnosis and treatment of Merkel cell carcinoma. European consensus-based interdisciplinary guideline. Eur J Cancer 51(16):2396–2403
National Comprehensive Cancer Network (NCCN) (2018) Clinical practice guidelines Merkel Cell Carcinoma V2. J Natl Compr Canc Netw 16:6
Avelumab in Participants With Merkel Cell Carcinoma (JAVELIN Merkel 200) (https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT02155647)
D’Angelo SP, Bhatia S, Brohl AS, et al Avelumab in patients with previously treated metastatic Merkel cell carcinoma: long-term data and biomarker analyses from the single-arm phase 2 JAVELIN Merkel 200 trial Journal for ImmunoTherapy of Cancer . 2020; 8:e000674.
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