Mosunetuzumabe (mosun) é um anticorpo biespecífico IgG1 CD20/CD3 completo, totalmente humanizado, que redireciona as células T para envolver e eliminar as células B malignas.
Até 30% dos pacientes com idade ≥ 75 anos não recebem quimioimunoterapia padrão (QIT) como tratamento de primeira linha (1L) para linfoma difuso de grandes células B (DLBCL), especialmente devido a preocupações com fragilidade e comorbidades. Resultados ruins são comumente relatados para pacientes idosos ou incapacitados na 1L de tratamento de DLBCL, R-CHOP P (rituximabe, ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona) em dose reduzida ou outras terapias, como R-CVP (rituximabe com ciclofosfamida, vincristina e prednisona) e R-bendamustina. Por esse motivo, alternativas eficazes e menos tóxicas para a QIT em dose cheia são necessárias.
Mosunetuzumabe (mosun) é um anticorpo biespecífico IgG1 CD20/CD3 completo, totalmente humanizado, que redireciona as células T para envolver e eliminar as células B malignas. Este agente único demonstrou eficácia promissora (incluindo respostas completas duradouras [RCs]) e segurança tolerável em pacientes com DLBCL recidivado/refratários em um estudo de fase 1 em andamento (GO29781; NCT02500407).
No 62º Congresso Anual da ASH foram apresentados os primeiros resultados clínicos do (NCT03677154), um estudo multicêntrico de fase I/II, de rótulo aberto. Os dados da coorte B divulgados foram projetados para avaliar a segurança, farmacocinética (PK) e eficácia preliminar do mosun na 1L de tratamento para DLBCL em pacientes idosos e deficientes físicos incapazes de tolerar QIT na dose cheia.
Duas coortes de avaliação de segurança foram planejadas para receber mosun em 13,5 mg e 30 mg, seguidas por uma fase de expansão. Nenhum novo sinal de segurança surgiu após a avaliação das duas coortes. Os pacientes elegíveis tinham idade ≥ 80 anos ou 60-79 anos com comprometimento em ≥ 1 atividade de vida diária (AVD) ou AVD instrumental, levando em conta outros comprometimentos como da função cardíaca, renal ou hepática, impedindo o uso de QIT em dose cheia.
Após o tratamento opcional pré-fase com prednisona com ou sem vincristina, os pacientes receberam mosun por via intravenosa com dosagem intensiva nos dias (D) 1, 8 e 15 do ciclo (C) 1, seguido por uma dose fixa no D1 a cada ciclo de 21 dias. A avaliação interina da resposta (AIR) ocorreu após C4 e a avaliação de resposta primária (ARP) ocorreu após C8, com a opção de continuar até no máximo 17 ciclos em caso de remissão parcial (RP) após a ARP.
Em 27 de maio de 2020, 19 pacientes na coorte B receberam mosun:
Oito pacientes foram inscritos na coorte de avaliação de segurança de 13,5 mg e 11 na coorte de segurança e expansão de 30 mg (7 e 4 indivíduos, respectivamente). A idade média foi de 84 anos, 14 (74%) pacientes eram mulheres, 10 (53%) tinham estágio III-IV de Ann Arbor e 17 (90%) apresentavam pontuação IPI ≥ 2. A mediana de ciclos recebidos de mosun foi de 6.
Entre 19 pacientes, 16 (84%) tiveram ≥ 1 evento adverso (EA), 13 (68%) tiveram ≥ 1 EA relacionado a mosun e 7 (37%) experimentaram EA grau 3 ou 4, dos quais 4 foram relacionados ao mosun. Não foram observados EAs fatais. Os EAs emergentes do tratamento mais comuns (> 10%) foram síndrome de liberação de citocinas (SLC; n = 9; 47%), erupção cutânea (n = 4; 21%), neutropenia, náusea, diminuição do apetite, boca seca, fadiga, dor e espasmos musculares (n = 2; 11%). Todos os eventos de SLC foram grau 1 pelos critérios de consenso ASTCT. Nenhum paciente apresentou hipotensão, hipóxia nem necessidade de uso de tocilizumabe ou esteróides. Nenhum EAs neurológicos graves (grau ≥ 3) foram observados.
Neurotoxicidade grau 2 (ICAN) foi observada em 1 (5%) paciente no C1D2 com sintomas de incapacidade de responder a perguntas, sonolência, fraqueza e sonolência, combinada com SLC grau 1 (febre e taquicardia). O evento foi resolvido após dois dias e considerado relacionado a mosun. Oito (42%) indivíduos interromperam o tratamento com mosun precocemente devido à progressão de doença (PD) entre C2-C6. Nenhum paciente descontinuou mosun devido a EAs.
Entre todos os pacientes tratados, a taxa de resposta geral foi de 58% (11/19) e a de RC foi de 42% (8 de 19 indivíduos). Na dose de 13,5 mg de mosun, 3 de 8 indivíduos (38%) alcançaram RC, 2 (25%) tiveram RP e 3 (38%) apresentaram PD na ARP.
Na dose de 30 mg, observou-se a seguinte AIR: 5 de 11 pacientes (45,5%) alcançaram um RC, 1 (9%) apresentarou RP e 5 (45,5%) tiveram PD. Dos 8 pacientes com PD (de ambas as coortes de dosagem), 5 receberam terapia de resgate pós-progressão. Estudos correlativos de resposta de células T por citometria de fluxo e expressão de citocinas e análises de PK estão em andamento.
Segundo os autores, esses primeiros dados clínicos indicam que o agente único mosun confere eficácia e tolerância notáveis aos pacientes idosos com DLBCL previamente não tratados. Mosun é um regime promissor sem quimioterapia aos indivíduos que, de outra forma, têm opções limitadas de tratamento.
Referência:
Olszewski AJ, et al. Single-Agent Mosunetuzumab Is a Promising Safe and Efficacious Chemotherapy-Free Regimen for Elderly/Unfit Patients with Previously Untreated Diffuse Large B-Cell Lymphoma. Abstract 401. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020.
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