Mosunetuzumabe apresenta eficácia e tolerância importantes em pacientes idosos com linfoma difuso de grandes células previamente não tratados - Oncologia Brasil

Mosunetuzumabe apresenta eficácia e tolerância importantes em pacientes idosos com linfoma difuso de grandes células previamente não tratados

4 min. de leitura

Mosunetuzumabe (mosun) é um anticorpo biespecífico IgG1 CD20/CD3 completo, totalmente humanizado, que redireciona as células T para envolver e eliminar as células B malignas.

Até 30% dos pacientes com idade ≥ 75 anos não recebem quimioimunoterapia padrão (QIT) como tratamento de primeira linha (1L) para linfoma difuso de grandes células B (DLBCL), especialmente devido a preocupações com fragilidade e comorbidades. Resultados ruins são comumente relatados para pacientes idosos ou incapacitados na 1L de tratamento de DLBCL, R-CHOP P (rituximabe, ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona) em dose reduzida ou outras terapias, como R-CVP (rituximabe com ciclofosfamida, vincristina e prednisona) e R-bendamustina. Por esse motivo, alternativas eficazes e menos tóxicas para a QIT em dose cheia são necessárias.

Mosunetuzumabe (mosun) é um anticorpo biespecífico IgG1 CD20/CD3 completo, totalmente humanizado, que redireciona as células T para envolver e eliminar as células B malignas. Este agente único demonstrou eficácia promissora (incluindo respostas completas duradouras ​​[RCs]) e segurança tolerável em pacientes com DLBCL recidivado/refratários em um estudo de fase 1 em andamento (GO29781; NCT02500407).

No 62º Congresso Anual da ASH foram apresentados os primeiros resultados clínicos do (NCT03677154), um estudo multicêntrico de fase I/II, de rótulo aberto. Os dados da coorte B divulgados foram projetados para avaliar a segurança, farmacocinética (PK) e eficácia preliminar do mosun na 1L de tratamento para DLBCL em pacientes idosos e deficientes físicos incapazes de tolerar QIT na dose cheia.

Duas coortes de avaliação de segurança foram planejadas para receber mosun em 13,5 mg e 30 mg, seguidas por uma fase de expansão. Nenhum novo sinal de segurança surgiu após a avaliação das duas coortes. Os pacientes elegíveis tinham idade ≥ 80 anos ou 60-79 anos com comprometimento em ≥ 1 atividade de vida diária (AVD) ou AVD instrumental, levando em conta outros comprometimentos como da função cardíaca, renal ou hepática, impedindo o uso de QIT em dose cheia.

Após o tratamento opcional pré-fase com prednisona com ou sem vincristina, os pacientes receberam mosun por via intravenosa com dosagem intensiva nos dias (D) 1, 8 e 15 do ciclo (C) 1, seguido por uma dose fixa no D1 a cada ciclo de 21 dias. A avaliação interina da resposta (AIR) ocorreu após C4 e a avaliação de resposta primária (ARP) ocorreu após C8, com a opção de continuar até no máximo 17 ciclos em caso de remissão parcial (RP) após a ARP.

Em 27 de maio de 2020, 19 pacientes na coorte B receberam mosun: 

  1. grupo n = 8, o esquema consistiu em 1 mg no C1D1, 2 mg no C1D8 e 13,5 mg no C1D15 em diante; 
  1. grupo n = 11, o esquema consistiu em 1 mg no C1D1, 2 mg no C1D8 e 30 mg no C1D15 em diante.

Oito pacientes foram inscritos na coorte de avaliação de segurança de 13,5 mg e 11 na coorte de segurança e expansão de 30 mg (7 e 4 indivíduos, respectivamente). A idade média foi de 84 anos, 14 (74%) pacientes eram mulheres, 10 (53%) tinham estágio III-IV de Ann Arbor e 17 (90%) apresentavam pontuação IPI ≥ 2. A mediana de ciclos recebidos de mosun foi de 6.

Entre 19 pacientes, 16 (84%) tiveram ≥ 1 evento adverso (EA), 13 (68%) tiveram ≥ 1 EA relacionado a mosun e 7 (37%) experimentaram EA grau 3 ou 4, dos quais 4 foram relacionados ao mosun. Não foram observados EAs fatais. Os EAs emergentes do tratamento mais comuns (> 10%) foram síndrome de liberação de citocinas (SLC; n = 9; 47%), erupção cutânea (n = 4; 21%), neutropenia, náusea, diminuição do apetite, boca seca, fadiga, dor e espasmos musculares (n = 2; 11%). Todos os eventos de SLC foram grau 1 pelos critérios de consenso ASTCT. Nenhum paciente apresentou hipotensão, hipóxia nem necessidade de uso de tocilizumabe ou esteróides. Nenhum EAs neurológicos graves (grau ≥ 3) foram observados.

Neurotoxicidade grau 2 (ICAN) foi observada em 1 (5%) paciente no C1D2 com sintomas de incapacidade de responder a perguntas, sonolência, fraqueza e sonolência, combinada com SLC grau 1 (febre e taquicardia). O evento foi resolvido após dois dias e considerado relacionado a mosun. Oito (42%) indivíduos interromperam o tratamento com mosun precocemente devido à progressão de doença (PD) entre C2-C6. Nenhum paciente descontinuou mosun devido a EAs.

Entre todos os pacientes tratados, a taxa de resposta geral foi de 58% (11/19) e a de RC foi de 42% (8 de 19 indivíduos). Na dose de 13,5 mg de mosun, 3 de 8 indivíduos (38%) alcançaram RC, 2 (25%) tiveram RP e 3 (38%) apresentaram PD na ARP.

Na dose de 30 mg, observou-se a seguinte AIR: 5 de 11 pacientes (45,5%) alcançaram um RC, 1 (9%) apresentarou RP e 5 (45,5%) tiveram PD. Dos 8 pacientes com PD (de ambas as coortes de dosagem), 5 receberam terapia de resgate pós-progressão. Estudos correlativos de resposta de células T por citometria de fluxo e expressão de citocinas e análises de PK estão em andamento.

Segundo os autores, esses primeiros dados clínicos indicam que o agente único mosun confere eficácia e tolerância notáveis aos pacientes idosos com DLBCL previamente não tratados. Mosun é um regime promissor sem quimioterapia aos indivíduos que, de outra forma, têm opções limitadas de tratamento. 

 

Referência: 

Olszewski AJ, et al. Single-Agent Mosunetuzumab Is a Promising Safe and Efficacious Chemotherapy-Free Regimen for Elderly/Unfit Patients with Previously Untreated Diffuse Large B-Cell Lymphoma. Abstract 401. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020.

Aviso Legal: Todo conteúdo deste portal foi desenvolvido e será constantemente atualizado pela Oncologia Brasil, de forma independente e autônoma, sem qualquer interferência das empresas patrocinadoras e sem que haja qualquer obrigação de seus profissionais em relação a recomendação ou prescrição de produtos de uma das empresas. As informações disponibilizadas neste portal não substituem o relacionamento do(a) internauta com o(a) médico(a). Consulte sempre seu médico(a)! 

© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou tratamentos.

Veja mais informações em nosso Aviso Legal

Conteúdo restrito para médicos, entre ou crie sua conta gratuitamente

Faça login

Crie sua conta

Apenas médicos podem criar contas, insira abaixo seu CRM e Estado do CRM para validação