Dr. Edvan Crusoe, Médico Hematologista da Universidade Federal da Bahia e Hospital Rede D’Or Oncologia, comenta os dados da análise do estudo FORTE – que envolveu pacientes com mieloma múltiplo recém diagnosticados elegíveis para transplante – apresentado no 62º Congresso Anual da ASH.
Trata-se de um estudo fase IIb randomizado que fez um comparativo de 2 a 3 protocolos com três braços de estudo:
Após a conclusão de cada, todos os grupos sofreram uma 2ª fase de randomização. Após a segunda randomização, foram criados dois braços em fase de manutenção consistindo em: carfizomibe + lenalidomida versus lenalidomida somente.
A parte principal do estudo já teve seus dados avaliados e agora foram expostos os resultados do follow-up mais longo. A sobrevida livre de progressão (SLP) para a 1ª randomização mostra uma vantagem significativa no follow-up de 45 meses para o braço que fez carfizomibe + dexametasona + lenalidomida + transplante com 78% de PFS (versus 66% no braço KRD 12 ciclos).
É muito interessante ver que a análise da SLP para o subgrupo com alto risco citogenético teve uma hazard ratio similar basicamente entre o risco padrão e o grupo de alto risco citogenético para sobrevida livre de progressão.
Nos dados de 2019, havia a impressão de que a quimioterapia isoladamente seria suficiente para um subgrupo de pacientes, mas agora está claro que o transplante traz significado não só para o ISS 2 e 3, mas também para o ISS 1. Ou seja, tanto o alto risco como o risco standard possuem vantagens em serem tratados com quimioterapia sequenciada de transplante. Já a SLP da 2ª randomização possui nesse momento um follow-up mediano de 31 meses e mostra que há uma alta taxa de conversão para doença residual mínima negativa no grupo que fez carfizomibe + lenalidomida versus lenalidomida somente. Isso acaba logicamente refletindo na taxa de progressão livre de doença no grupo de carfizomibe + lenalidomida.
Se forem observadas as curvas de alto risco citogenético e de risco standard mais próximas, então não houve uma suplementação do alto risco citogenético pelo uso do esquema carfizomibe + lenalidomida (PFS 85% versus 75% com mediana de follow-up de 36 meses).
É interessante observar que esse protocolo se mostrou extremamente seguro. Houve uma maior toxicidade hematológica no braço que fez carfizomibe + lenalidomida, entretanto a descontinuação foi igual em ambas as situações. Também houve uma redução no grupo que fez lenalidomida isoladamente.
Na segunda parte do estudo, houve confirmação do impacto na doença residual negativa demonstrada em 36 meses. Há um ganho significativo nos pacientes que fizeram a sequência de DRM sustentada em quem fez quimioterapia e transplante. E, no braço que fez carfizomibe + lenalidomida, observou-se uma alta taxa de conversão de DRM positivo em DRM negativo na fase de manutenção. Ficou claro que pacientes que apresentam respostas mais profundas têm impacto na sobrevida.
Um dos dados de fluxo aponta impacto significativo na sobrevida global de pacientes que realizaram essa manutenção de carfizomibe + lenalidomida.
Referência:
Gay F, et al. Survival Analysis of Newly Diagnosed Transplant-Eligible Multiple Myeloma Patients in the Randomized Forte Trial. Abstract 141. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020.
Aviso Legal: Todo conteúdo deste portal foi desenvolvido e será constantemente atualizado pela Oncologia Brasil, de forma independente e autônoma, sem qualquer interferência das empresas patrocinadoras e sem que haja qualquer obrigação de seus profissionais em relação a recomendação ou prescrição de produtos de uma das empresas. As informações disponibilizadas neste portal não substituem o relacionamento do(a) internauta com o(a) médico(a). Consulte sempre seu médico(a)!
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.