No vídeo, a Dra. Ana Carolina Gifoni, oncologista e oncogeneticista da Oncologia D’or, e o Dr. Cícero Martins, oncologista do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do Americas Oncologia, discutem os dados do estudo e o benefício de SLP, com a adição de olaparibe de manutenção ao bevacizumabe, em pacientes com câncer de ovário recém-diagnosticado e avançado de alto grau
Durante o Congresso Mundial da ASCO 2021, foram apresentados os dados de eficácia do olaparibe, de acordo com o estádio da doença, em pacientes com deficiência de recombinação homóloga (HDR+) que participaram do ensaio de fase III PAOLA-1/ENGOT-ov25 (NCT02477644).
Trata-se de um estudo randomizado, duplo-cego e internacional, que demonstrou benefício significativo de sobrevida livre de progressão (SLP) com o uso de olaparibe de manutenção, em mulheres com câncer de ovário avançado de alto grau e recém-diagnosticado, as quais estavam em resposta após quimioterapia à base de platina-taxano, associada ao bevacizumabe em 1ª linha. As pacientes eram elegíveis, independentemente do resultado cirúrgico ou do status de mutação BRCA.
A análise exploratória avaliou a SLP (corte de dados em 22 de março de 2019) e SLP2 (corte de dados em 22 de março de 2020) nas pacientes com HRD+ (tumor com mutação BRCA1/BRCA2 ou instabilidade genômica [Myriad myChoice HRD Plus] ≥ 42 pontos) de acordo com o estádio FIGO.
Resultados:
Ao todo, 387 (48%) das 806 pacientes randomizadas eram HRD+, sendo que 70% tinham doença estádio III e 30%, estádio IV. 153 (56%) pacientes com HRD+ estádio III e 61 (53%) pacientes HRD+ estádio IV apresentavam mutação tumoral em BRCA1/BRCA2. Entre as pacientes com HRD+ estádio III, 172 (63%) foram tratadas com cirurgia inicial (51/172 [30%] tiveram doença residual) e 90 (33%) realizaram cirurgia de intervalo (19/90 [21%] tiveram doença residual). 52 (45%) pacientes com HRD+ estádio IV receberam cirurgia inicial (34/52 [65%] tiveram doença residual) e 55 (48%) realizaram cirurgia de intervalo (18/55 [33%] tiveram doença residual).
O acompanhamento médio para SLP e SLP2 foi, respectivamente, 24,8 e 37,2 meses para pacientes HRD+ estádio III e 24,0 e 37,0 meses àquelas com HRD+ estádio IV.
A mediana de SLP para as pacientes com HRD+ estádio III, em uso de olaparibe + bevacizumabe em comparação a placebo + bevacizumabe, foi de 39,3 meses versus 19,9 meses (hazard ratio [HR] 0,32; IC95% 0,22–0,47). Já a mediana de SLP para o estádio IV foi de 25,1 meses versus 12,8 meses (HR 0.32; IC95% 0,20–0,52).
Por sua vez, a mediana de SLP2 para as pacientes com HRD+ estádio III em uso de olaparibe + bevacizumabe em comparação a placebo + bevacizumabe não foi alcançadas versus 43 meses (HR 0,57; IC95% 0,38–0,87). A mediana de SLP2 para o estádio IV foi de 37,8 meses versus 25,6 (HR 0,56; IC95% 0,35–0,91).
Entre aquelas com HRD+ estádio III sem doença residual após a cirurgia inicial o hazard ratio para SLP foi de 0,15 (0,07–0,30) e para SLP2 foi de 0,22 (0,06–0,67). Já para as pacientes HRD+ estádio III, com doença residual após cirurgia inicial ou que receberam quimioterapia neoadjuvante, ou mesmo para pacientes HRD+ estádio IV, o hazard ratio para SLP foi de 0,38 (0,27-0,53) e SLP2 foi de 0,68 (0,46-1,03).
Os autores concluem que, no estudo PAOLA-1, a manutenção de olaparibe + bevacizumabe apresentou tanto benefício de SLP quanto de SLP2 sobre placebo + bevacizumabe, em pacientes com HRD+, independente do estádio FIGO e da doença residual após a cirurgia inicial[2].
Ouça também o podcast:
Referências:
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.