Sabe-se que a eficácia dos inibidores de correceptores imunes em monoterapia é limitada em pacientes com CPNPC e alterações em EGFR ou ALK. Neste sentido, estudo apresentado no WCLC 2021 avaliou o uso da combinação de imunoterapia com quimioterapia nessa população
Durante uma sessão oral do 2021 World Conference on Lung Cancer (WCLC 2021), foi apresentado um estudo de fase II que avaliou a eficácia do pembrolizumabe em combinação com carboplatina e pemetrexede em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado com alteração em EGFR/ALK.
Foram incluídos pacientes com CPNPC recorrente, com mutação em EGFR ou rearranjo em ALK, previamente tratados com terapia alvo. Administrou-se carboplatina AUC 5, pemetrexede 500 mg/m2 e pembrolizumabe 200 mg EV a cada 3 semanas. Após 4 ciclos, os pacientes receberam manutenção de pemetrexede e pembrolizumabe por até 2 anos. A resposta antitumoral foi avaliada a cada 2 ciclos durante os primeiros 6 ciclos e, a seguir, a critério do investigador. O desfecho primário foi a taxa de resposta definida por RECIST 1.1. Os desfechos secundários incluíram a sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG). A expressão de PD-L1 do tumor foi avaliada localmente. A análise de células tumorais circulantes (CTCs) foi coletada antes do primeiro e do terceiro ciclos. O plano era inscrever 28 pacientes avaliáveis em cada uma das duas coortes separadas de CPNPC com mutação EGFR e com rearranjo de ALK. A lenta inscrição, entretanto, levou ao encerramento antecipado do estudo.
Resultados
Dos 33 pacientes inscritos, 26 tinham CPNPC EGFR mutado (13 del19, 9 L858R), 64% eram mulheres e a idade média foi de 67 anos. O número médio de tratamentos prévios foi igual a 1. Dos 26 pacientes com CPNPC EGFR mutado, 22 receberam osimertinibe anteriormente. O número médio de ciclos foi igual a 6, sendo que 4 pacientes (todos EGFR mutado), permaneciam em terapia.
As taxas de resposta foram de 42% (IC 95%: 23%-63%) e de 29% (IC 95%: 4%-71%) entre os pacientes EGFR mutado e com rearranjo de ALK, respectivamente. A mediana de SLP foi de 8,3 meses (IC 95%: 7,2-16,5) para os 26 indivíduos com CPNPC EGFR mutado; 2,9 meses (IC 95%: 1,1-não alcançado) para os 7 participantes com CPNPC com rearranjo em ALK; e de 7,3 meses (IC 95%: 5,3-14,1) para a população geral. A mediana de SG foi de 22,2 meses (IC 95%: 20,6-não alcançado); 2,9 meses (IC 95%: 1,1-não alcançado); e 20,6 meses (IC 95%: 10,1-não alcançado), respectivamente.
A expressão tumoral de PD-L1 estava disponível para 30 pacientes e era ≥ 1% em 17. Não houve diferença na sobrevida entre os pacientes com tumor PD-L1 < 1% versus ≥ 1%. A contagem média de CTC no início do estudo em 15 pacientes com EGFR mutado, nos quais as amostras estavam disponíveis, foi de 4 µg/mL. A mediana de SG entre os pacientes EGFR mutado com contagem de CTC diminuída versus aumentada durante o tratamento foi ‘não alcançada’ versus 18,5 meses, respectivamente (p = 0,52).
Os eventos adversos mais comuns foram fadiga, náuseas, citopenias, tosse e dispneia. As toxicidades ≥ grau 3 mais comuns foram neutropenia, trombocitopenia, tromboembolismo e elevação de AST e ALT. Um paciente desenvolveu pneumonite.
Os autores concluem que pembrolizumabe em combinação com quimioterapia demonstrou uma taxa de resposta de 42% e sobrevida global mediana de 22 meses entre pacientes com CPNPC recorrente com mutação em EGFR. Apesar das limitações das análises e do encerramento precoce do estudo, os resultados justificam um ensaio mais aprofundado desta combinação de tratamento nesta população de pacientes.
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