O impacto da pandemia COVID-19 nas mortes por câncer devido a atrasos no diagnóstico - Oncologia Brasil

O impacto da pandemia COVID-19 nas mortes por câncer devido a atrasos no diagnóstico

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Estudo populacional conduzido no Reino Unido, avaliou a influência direta da pandemia do COVID-19 nos índices de mortalidade por câncer devido a diagnósticos tardios

Com o começo do lockdown no Reino Unido em março de 2020, as triagens oncológicas foram suspensas, e milhares de pacientes não tiveram acesso a um diagnóstico precoce. Somente casos sintomáticos urgentes foram priorizados para intervenção diagnóstica. Este estudo populacional estimou a mortalidade causada por 4 tipos de tumores – tumor de mama, colorretal, esofágico e pulmonar – relacionadas com atrasos no diagnóstico, no Reino Unido. 

Neste estudo nacional de modelagem de base populacional, foram utilizados registros de câncer no NHS e banco de dados de hospitais com pacientes de 15 a 84 anos diagnosticados com câncer de mama (32.583), colorretal (24.975) e esofágico (6.744) em 2010 e tiveram acompanhamento até 2014. Para pacientes com tumor pulmonar (29.305), 2012 foi utilizado como ano de diagnóstico e 2015 como ano final de acompanhamento. Para estimar-se o impacto do atraso no diagnóstico, foi utilizado uma estrutura de rotas para o diagnóstico para estimar o impacto dos atrasos no diagnóstico durante um período de 12 meses – desde março de 2020 devido ao lockdown – e seu impacto em 1, 3 e 5 anos após o diagnóstico. Foram considerados três cenários de realocação que representavam o melhor para o pior cenário, e refletiam as mudanças reais na via de diagnóstico, observada no NHS, em 16 de março de 2020. Foi então, estimado o impacto na sobrevida líquida em 1, 3 e 5 anos após o diagnóstico para calcular as mortes adicionais que podem ser atribuídas ao câncer e o total de anos de vida perdidos em comparação com os dados pré-pandêmicos.  

Nos 3 cenários considerados, foi estimado um aumento de 7,9 a 9,6% de mortes por câncer de mama em até 5 anos após o diagnóstico correspondendo a 281 a 344 mortes adicionais, respectivamente. Para câncer colorretal, houve um aumento de 15,3% (1445) a 16,6% (1563) na mortalidade, já para câncer de pulmão o aumento foi de 4,8% (1235) a 5,3% (1372). E por último, para o câncer de esôfago foi de 5,8%( 330) a 6% (342). Ao todo, o número de mortes adicionais foi de 3291 a 3621 e o total de anos de vida perdidos foi de 59.204 a 63.229 anos. Como podemos observar, houve um aumento substancial de morte evitáveis no Reino Unido, o que reforça a importância do rastreio na saúde da população e como pacientes oncológicos foram extremamente prejudicados durante o período de lockdown.  

 

Referências:  

  1.  Maringe C, et al., The impact of the COVID-19 pandemic on cancer deaths due to delays in diagnosis in England, UK: a national, population-based, modelling study. Lancet Oncol. 2020 Aug;21(8):1023-1034. doi: 10.1016/S1470-2045(20)30388-0. Epub 2020 Jul 20. Erratum in: Lancet Oncol. 2021 Jan;22(1):e5. PMID: 32702310; PMCID: PMC7417808.  

 

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