Dr. Fábio Schutz, oncologista clínico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e Dr. Diogo Bastos, oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês e membro do LACOG GU, discutem os dados de atualização do estudo clínico de fase 3 ARASENS, que avaliou a combinação de darolutamida + ADT e docetaxel em pacientes com CPHSm
Reduções no nível de PSA têm sido associadas à melhora da sobrevida global em pacientes com câncer de próstata hormônio-sensível metastático (CPHSm). Dados do estudo clínico ARASENS (NCT02799602), publicados previamente, demonstraram que a darolutamida (DARO) + terapia de privação androgênica (ADT) em combinação com docetaxel reduziu significativamente o risco de morte em 32,5% (razão de risco [HR] 0,675; IC 95% 0,568–0,801; P < 0,0001) vs. ADT + docetaxel em pacientes com CPHSm. Na Reunião Anual da ASCO de 2022 foi apresentada a associação entre a resposta do PSA e sobrevida global do estudo clínico ARASENS.
Para isso, pacientes com CPHSm foram randomizados 1:1 para receberem DARO ou PBO correspondente combinados com ADT e docetaxel. O PSA foi medido na triagem e a cada 12 semanas. As análises exploratórias incluíram o tempo até a progressão do PSA (aumento ≥25% do nadir [ponto mais baixo do PSA ou na entrada do estudo] e aumento do PSA ≥2 ng/mL ≥12 semanas a partir do nadir [ambos confirmados por um segundo valor ≥3 semanas depois]) e PSA indetectável (< 0,2 ng/mL para 2 amostras ≥3 semanas de intervalo) em 24, 36 e 52 semanas e a qualquer momento durante o tratamento.
Dos 1.306 pacientes randomizados, 1.305 foram incluídos no conjunto de análise completa (DARO 651; PBO 654), ambos com ADT e docetaxel. Os níveis medianos de PSA no início do estudo foram 30,3 (0,0–9219,0) e 24,2 (0,0–11.947,0) ng/mL, respectivamente. DARO prolongou significativamente o tempo até a progressão do PSA (HR 0,255; IC 95% 0,208–0,313; P < 0,0001). PSA indetectável foi alcançado em mais pacientes recebendo DARO (48,7%) vs. PBO (23,9%) em 24 semanas, e a taxa continuou a aumentar em 36 e 52 semanas no grupo DARO para 57,1% e 60,2%, respectivamente, em comparação com uma alteração mínima no grupo PBO (25,1% e 26,1%). Níveis indetectáveis de PSA a qualquer momento foram alcançados em 67,3% no grupo DARO e 28,6% no grupo PBO – mais que o dobro do grupo placebo.
Na população geral, houve melhor benefício de sobrevida global para os pacientes que atingiram níveis indetectáveis de PSA em comparação com aqueles que não atingiram em 24 semanas (HR 0,398; IC 95% 0,321–0,493) e 36 semanas (HR 0,351; IC 95% 0,284–0,434). Entre os pacientes tratados com darolutamida, a obtenção de PSA indetectável em 24 e 36 semanas foi associada à melhora da SG. Para a análise de 24 semanas, as taxas de SG 3 anos após o marco foram 80,1% para pacientes que alcançaram PSA indetectável versus 55,5% para aqueles que não alcançaram; enquanto as taxas de 4 anos foram de 72,2% vs. 51,7%. Para a análise de 36 semanas, as taxas de SG de 3 anos foram de 79,2% para pacientes que atingiram PSA indetectável versus 47,3% para aqueles que não alcançaram. As taxas de 4 anos não foram estimáveis para nenhum dos grupos. Nenhum evento novo de segurança foi relatado.
Sendo assim, o estudo conclui que a combinação de DARO + ADT e docetaxel prolongou significativamente o tempo para progressão do PSA e mais pacientes recebendo DARO vs. PBO alcançaram níveis indetectáveis de PSA, refletindo uma forte e consistente resposta de PSA ao longo do tempo. Em pacientes com CPHSm tratados com darolutamida em combinação com ADT e docetaxel, a obtenção de PSA indetectável foi associada à melhora da SG, com risco de morte reduzido em 53% e 63%, respectivamente, versus aqueles que não atingiram nível indetectável de PSA em 24 e 36 semanas. No podcast, os especialistas fazem uma análise completa dos dados do estudo, e discutindo a importância clínica e repercussões dos dados, levantando pontos importantes, como a escolha da população a receber a terapia tripla. Vale a pena ouvir e conferir o conteúdo completo.
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