Neste vídeo, Dra. Carolina Kawamura, oncologista clínica do Grupo DASA, comenta sobre os dados do estudo de mundo real BLaDE, apresentados durante a Reunião Anual da ASCO de 2022. Os dados consolidam a utilização da combinação de dabrafenibe + trametinibe em primeira linha para pacientes com CPNPC com mutação BRAF V600E, e ressaltam a importância da testagem molecular ampla para os pacientes com câncer de pulmão
As mutações BRAF V600E ocorrem em até 2% dos tumores de pulmão do tipo não pequenas células (CPNPC), e são preditoras de mau prognóstico. A combinação de dabrafenibe (inibidor de BRAF) + trametinibe (inibidor de MEK) foi associada a melhores taxas de sobrevida global em um estudo de fase II. A combinação recebeu aprovação regulatória, inclusive da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento do CPNPC com mutações BRAF V600E no cenário de primeira linha.
Neste sentido, o estudo IFCT-2004 BLaDE relata a eficácia da combinação dabrafenibe + trametinibe (D-T) em uma grande coorte multicêntrica francesa de mundo real de pacientes com CPNPC avançado e mutação em BRAF V600E. Para este estudo, pacientes com a doença diagnosticada entre 2016 e 2019 e tratados com a combinação D-T, independentemente da linha de tratamento, foram incluídos. O desfecho primário foi a taxa de sobrevida global (SG) de 12 meses em pacientes que receberam o D-T como segunda linha ou tratamento subsequente (L2+).
163 pacientes foram incluídos, com idade mediana de 68,3 anos. 50,3% eram do sexo feminino, 30,2% nunca fumaram, 95,1% tinham adenocarcinoma e 78,2% dos tinham status de PD-L1 > 1%. 20,9% tinham metástases cerebrais e 27% receberam D+T como tratamento de primeira linha (L1).
No corte de dados (2021), o acompanhamento mediano foi de 27,4 meses [IC 95% 22,2-31,9] e 47 pacientes (28,8%) permaneceram no tratamento do estudo. Nos 44 pacientes que receberam D+T em L1, a taxa de SG de 12 meses foi de 67,4% [IC 95% 51,2-79,3] com SLPm de 18,2 meses [IC 95% 7,7-21,3] sendo superior a SLPm de L2 e também superior antes relatada no estudo pivotal. A taxa de sobrevida global (SG) de 12 meses em pacientes que receberam D+T em L2+ (n = 119) foi também de 67,4% [IC 95% 57,8-75,3], com uma sobrevida livre de progressão mediana (SLPm) de 10,4 meses [IC 95% 7,3-13,1]. As taxas de resposta objetiva foram de 73,8% [IC 95% 65,5 – 82,2] e 82,9% [IC 95% 71,4 – 94,4], a progressão da doença foi observada como melhor resposta em 3,7% [IC 95% 0,1 – 7,3] e 0% em L2+ e L1, respectivamente.
A descontinuação de D-T por toxicidade foi relatada em 10,3% dos pacientes. 51,2% e 43,7% receberam tratamento posterior em L2+ e L1, respectivamente. Para pacientes L2+, os tratamentos subsequentes foram baseados em imunoterapia (IO) em 37,2% e quimioterapia em 58,3%. Para pacientes L1, os tratamentos subsequentes foram baseados em (IO) em 42,9% e quimioterapia em 42,7%.
Este estudo retrospectivo de mundo real confirma a eficácia significativa da combinação D-T no CPNPC metastático com mutação BRAF V600E, suportando a utilização da combinação D-T na primeira linha de tratamento. Segundo Dra. Carolina, este dado levanta a possibilidade de discutirmos o quanto a terapia-alvo é importante para este grupo de pacientes, que possuem um pior prognóstico quando tratados com quimioterapia. Além disso, os dados também ilustram a importância da testagem ampla e precoce, do ponto de vista molecular, para guiar o tratamento de primeira linha de pessoas com CPNPC.
Confira o vídeo e assista a análise completa da especialista acerca dos dados, e entenda como eles podem impactar na sua prática clínica.
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