De fácil acesso e minimamente invasiva, a biópsia líquida focada no sequenciamento de DNA circulante tumoral desponta como importante exame em tumores sólidos, auxiliando na detecção precoce, escolha de tratamento e acompanhamento de resposta do paciente
Dentre os grandes avanços tecno-científicos na oncologia, cada vez mais torna-se necessário melhor screening dos pacientes e compreensão da heterogeneidade tumoral. Nesse sentido, a biópsia líquida tem ganhado destaque por permitir compreender as características e abundância tumoral por meio dos produtos gerados e liberados por esse microambiente na circulação sanguínea. Adicionalmente ao fato de ser um procedimento minimamente invasivo, seu fácil acesso o torna uma opção interessante para o acompanhamento do tumor ao longo do curso terapêutico, funcionando como ferramenta importante na prática clínica.
Dentre os analitos atualmente passíveis de análise via biópsia líquida, destacam-se células tumorais circulantes (CTCs) e DNA tumoral circulante (ctDNA). De modo geral, a avaliação desses parâmetros pode contribuir para detecção precoce de tumores, vigilância de micrometástases, auxiliar na seleção de terapias mais apropriadas, bem como monitorar o perfil de resposta ao longo do tratamento. Tendo sua aplicabilidade abordada tanto em estudos clínicos de tumores em estadiamentos iniciais como avançados, a biópsia líquida cumpre diferentes papéis em cada um desses cenários e coortes.
Atualmente, encontram-se disponíveis no mercado painéis multigenes capazes de detectar alterações genômicas presentes em tumores sólidos, utilizando o sangue como amostra biológica. O Oncofoco Liquid é um exemplo desses painéis, que permite genotipagem tumoral (ctDNA) com alta sensibilidade em tumores avançados, detectando até 523 alterações genômicas, dentre as quais SNVs (single-nucleotides variant), CNV (copy number variation), amplificações em 59 genes e fusões gênicas em 23 genes.
A aplicabilidade clínica de painéis como o Oncofoco Liquid vem sendo demonstrada em estudos clínicos recentes, em coorte de pacientes com tumores metastáticos ou doença avançada. Avaliando 125 pacientes com melanoma metastático tratados com anti-PD1 (isolado ou em combinação com anti-CTLA-4), o estudo demonstrou que a não detecção ou redução (>10-fold) do número de ctDNAs nas primeiras 12 semanas de imunoterapia poderia ser utilizado para avaliação de prognóstico, além de demonstrar a capacidade de ctDNA em diferenciar pseudoprogressão de progressão verdadeira, sendo, portanto, um importante exame complementar na tomada de decisão clínica em pacientes em imunoterapia quando há dúvida entre pseudoprogressão/progressão.
Mais recentemente, apresentado na ESMO 2022, o estudo clínico APPLE, randomizado e de fase II, em pacientes com câncer de pulmão de não-pequenas células (CPNPC) com mutação em EGFR (T790M), elucidou que o monitoramento de ctDNA ao longo do tratamento pode auxiliar na tomada de decisão de mudança de tratamento de gefitinibe (EGFR-TKI 1ª geração) para osimertinibe (EGFR-TKI 3ª geração). A avaliação seriada de ctDNA no plasma dos pacientes demonstrou ter detecção anterior à progressão radiológica via RECIST, de modo que, mediante identificação de progressão por meio de ctDNA já se faz justificável a mudança precoce de linha de tratamento, a qual beneficiou 17% dos pacientes com melhores taxas de sobrevida livre de progressão e SG.
O sequenciamento de painéis multigenes de ctDNA obtidos via biópsia líquida permitem, portanto, informações tumorais de modo fácil e minimamente invasiva, fornecendo detalhes referentes ao tumor mesmo em cenários em que a biópsia tumoral se faz inacessível ou insuficiente. Os laudos gerados permitem, como evidenciado nos estudos clínicos, associar variantes patogênicas com maior sensibilidade/resistência a determinados terapias específicas.
Ainda que barreiras como sensibilidade, preço, número de genes avaliados e expertise clínica para interpretação do laudo sejam pontos a serem superados, testes como o próprio Oncofoco Liquid têm se atentado para superar essas questões, oferecendo boa sensibilidade, alta cobertura, e com respaldo de patologistas clínicos para laudar. Assim, ainda que pouco usual na prática clínica, a ampliação do uso desse teste fornece benefícios em estadiamentos iniciais e avançados, tendo a capacidade de nortear o oncologista na escolha de tratamento, mudanças de linha, prognóstico e detecção precoce.
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