Estudo pioneiro com grande coorte de pacientes diagnosticados com adenocarcinoma de apêndice e com longo acompanhamento avalia benefícios da quimioterapia sistêmica
Neoplasias que acometem o apêndice compreendem um grupo altamente heterogêneo de tumores epiteliais e não epiteliais. Os adenocarcinomas de apêndice (~60% dos casos) trata-se de malignidades raras e altamente agressivas, estando associadas a taxas significativas de mortalidade, possivelmente dado ao diagnóstico tardio onde já se apresentam com metástase peritoneal. Caracterizados por infiltração invasiva do tecido estromal na parede do apêndice, em estágios iniciais recomenda-se a apendicectomia, no entanto, em estadiamentos mais avançados, outras abordagens são realizadas como hemicolectomia, cirurgia de citorredução ou quimioterapia intraperitoneal ou sistêmica.
Diante de poucos dados sólidos referente aos benefícios e papel da quimioterapia sistêmica nesse cenário, estudo apresentado na ESMO Sarcoma and Rare Cancers 2023 avalia os desfechos de pacientes com adenocarcinoma de apêndice (n=216; 141 mucinoso, 71 não especificados e 4 de células em anel de sinete). 149 (69%) pacientes apresentaram doença metastática. A quimioterapia sistêmica foi administrada em 97 pacientes (45%; 10% anterior a citorredução, 6% neoadjuvante, 7% adjuvante e 24% paliativo).
Após mediana de follow-up de 56 meses (1-286) a mediana de sobrevida global (SG) foi de 122 meses (95%CI: 61-182 meses) e a mediana de sobrevida livre de progressão (mSLP) de 41 meses (95%CI: 27-54). Avaliando a presença de linfonodos positivos, a mediana de SG não foi alcançada nos pacientes que não receberam quimioterapia ou a receberam em regime neoadjuvante/adjuvante, no entanto, foi de 81 meses na quimioterapia anterior à citorredução e 28 meses na quimioterapia paliativa (p<0,001). Adicionalmente, em análises multivariadas, a quimioterapia esteve associada a um menor risco de morte em pacientes com linfonodos positivos (neoadjuvante ou adjuvante p=0,005, prior p=0,011 e paliativa p<0,001).
Esse estudo é o único a avaliar uma grande coorte com essa malignidade rara, adenocarcinoma de apêndice, e demonstrou que a presença de linfonodos positivos pode identificar um subgrupo de pacientes que se beneficiam melhor da quimioterapia sistêmica.
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Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
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