Comparação entre FOLFOX neoadjuvante e quimioradioterapia pré-operatória demonstra não inferioridade da proposta de quimioterapia com relação à sobrevida livre de doença
Os tumores retais localmente avançados (LARC) compreendem malignidades que se estabelecem no reto e cuja definição carece de consenso internacional, mas que se baseia, sobretudo, no crescimento tumoral e seus graus de invasão e comprometimento linfonodal. Nas últimas décadas o tratamento para essas neoplasias expandiu da cirurgia para a quimioradioterapia e mais recentemente discutem-se abordagens neoadjuvante. Essa evolução terapêutica garantiu redução nas taxas de recorrência pélvica, que hoje giram em torno de 5%, além de taxas de metástase a distância de 20-30% e taxas de sobrevida global em 3 anos de aproximadamente 80%-90%.
Na América do Norte o standard of care para os LARCs é a quimioradioterapia, isto é, radiação pélvica e quimioterapia sensibilizante anteriores à ressecção cirúrgica. No entanto, a eficácia de terapia neoadjuvante à base de FOLFOX (fluorouracila, leucovorina e oxaliplatina) em detrimento da quimioradioterapia permanecia incerta. Nesse cenário, Deborah Schrag e demais investigadores realizaram um estudo de não-inferioridade entre FOLFOX neoadjuvante vs. quimioradioterapia em pacientes LARC com estadiamento clínico T2 linfonodo positivo, T3 linfonodo negativo e T3 linfonodo poaitivo candidato a cirurgia. Esse estudo teve como endpoint primário a sobrevida livre de doença (SLD).
Foram incluídos e tratados 1128 pacientes (FOLFOX n=585; Quimioradioterapia n=543) com mediana de follow-up de 58 meses. O tratamento neoadjuvante com FOLFOX demonstrou não inferioridade à quimioradioterapia de modo que a SLD apresentou hazard ratio de 0,92 (90,2% CI: 0,74-1,12; p=0,005 para não inferioridade) e as taxas de SLD em 5 anos foi de 80,8% (95%CI: 77,9-83,7) vs. 78,6% (95% CI: 75,4-81,8), respectivamente. Demais parâmetros como sobrevida global e recorrência local se comportaram de modo similar entre os grupos, mantendo o caráter de não inferioridade. Dentre os pacientes do grupo FOLFOX, 9,1% receberam quimioradioterapia pré-operatória e 1,8% a receberam pós-operatória.
Os resultados apresentados fortalecem, com relação à sobrevida livre de doença, a não inferioridade de FOLFOX neoadjuvante com relação à quimioradioterapia no tratamento de tumores retais localmente avançados.
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