Neste vídeo, o Dr. Luiz Henrique Araújo, diretor regional da Dasa Oncologia – RJ, head de oncologia da Dasa Genômica – RJ e pesquisador do INCA/MS, discute os resultados do estudo FLAURA2, apresentado na plenária do 2023 World Conference on Lung Cancer
O câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) trata-se do tipo tumoral mais comum dentre os tumores que acometem os pulmões (85%), sendo que do ponto de vista molecular, alguns tumores apresentam mutação em EGFR, o que torna os inibidores de tirosina quinase (TKI) uma proposta terapêutica interessante para essa população, ao ponto de se estabelecerem como standard of care em 1ª linha (1L).
O osimertinibe, um TKI de 3ª geração com atividade em SNC e com inibição potente e seletiva em EGFR e na mutação de resistência mais comum, EGFR T790M, se fortaleceu como padrão de 1L, após os resultados do estudo FLAURA que demonstraram ganho de sobrevida livre de progressão e sobrevida global maior que 3 anos. Diante da eficácia desse fármaco, a pergunta subsequente é base do estudo clínico de fase III, FLAURA2, onde avalia-se a eficácia de osimertinibe + quimioterapia (platina-pemetrexede) em primeira linha em pacientes com CPNPC avançado/metastático com EGFR mutado.
O estudo FLAURA2, incluiu pacientes com 18 anos ou mais, CPNPC não escamoso localmente avançado/metastático, EGFR mutado (deleção ou mutação pontual), sem tratamentos prévios, incluindo aqueles com metástase estável em SNC. Foram 557 pacientes randomizados 1:1 para osimertinibe + quimioterapia (n=279) ou osimertinibe em monoterapia (n=278).
Com relação ao desfecho primário, sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada pelo investigador, os pacientes tratados com a combinação apresentaram redução de 38% no risco de progressão da doença com relação ao grupo em monoterapia (HR = 0,62; 95% CI: 0,49-0,79; p<0,0001) com ganho de mediana de sobrevida livre de progressão de 8,8 meses (25,5 vs. 16,7 meses) e taxa de resposta objetiva de 83% vs. 76% em osimertinibe + quimioterapia versus osimertinibe monoterapia, respectivamente. Os resultados foram positivos em todos os subgrupos avaliados, cabendo destaque ao subgrupo com presença de metástase em SNC, que apresentou redução de 53% no risco de progressão da doença.
Com relação aos dados de sobrevida global, os resultados seguem imaturos, no entanto, com relação aos dados de SLP2 (duas progressões – 1L e linha subsequente) observou-se uma redução de 30% no risco de progressão, sendo um indicativo de benefício subsequente.
De fato, os resultados do estudo FLAURA2 suportam o regime de osimertinibe associado à quimioterapia como nova e eficaz opção de primeira linha em pacientes CPNPC avançado com mutação em EGFR, onde a terapia alvo traz benefício clínico às custas de uma toxicidade um pouco maior. O Dr. Luiz Henrique ressalta que, ainda que positivo, a nova opção ainda deve ser debatida com os pacientes para decidir a necessidade de se fazer a combinação ou a terapia sequencial, poupando o paciente de uma toxicidade adicional e guardando a quimioterapia para um segundo momento.
Referências
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.