O papel do Fisiatra no paciente com câncer. - Oncologia Brasil

O papel do Fisiatra no paciente com câncer.

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O Fisiatra é o médico especializado em reabilitação. O início da especialidade data da década de 1920 e apesar de tradicionalmente ter mais atuação em doenças neurológicas e musculoesqueléticas, nossa atuação é essencial em diversos pacientes oncológicos, com objetivo final de melhora funcionalidade e qualidade de vida nesses pacientes.

Para atingir esses objetivos, o Fisiatra está acompanhado de uma equipe multidisciplinar que conta com, no mínimo, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Idealmente, estamos acompanhados de Psicólogos, Educadores Físicos, Fonoaudiólogos, Assistentes Sociais e Enfermeiros. O paciente oncológico apresenta diversas peculiaridades que requerem um profissional especializado na área.

A reabilitação oncológica é uma área de atuação relativamente recente no mundo e, infelizmente, ainda não há especialização para Fisiatras no Brasil. Encontrei apenas 4 no mundo, todos nos EUA. E mesmo aqui no Memorial Sloan-Kettering, onde estou fazendo um fellow em reabilitação oncológica, apenas 1 dos 7 Fisiatras tem especialização na área – ele fez o fellow nesse mesmo hospital há 4 anos.

Nossa atuação pode iniciar em qualquer momento do tratamento do câncer. Por exemplo, recebemos alguns pacientes com câncer de pulmão com baixo status funcional para pré-habilitação com objetivo de ganho de endurance e melhora de parâmetros ventilatórios. É frequente recebermos pacientes logo após mastectomias, por dores no ombro no membro superior. Dentre os casos pós-tratamento, frequentemente vemos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, décadas após tratamento, devido a dor e a Síndrome da Cabeça Caída.

Dentre as perguntas que respondemos diariamente, cito algumas:

1- Qual o melhor tipo de exercício para paciente com linfedema de membros superiores?

2- Como reabilitar um paciente com mieloma múltiplo e diversas metástases ósseas? Existe alguma restrição? É necessário o uso de alguma órtese?

3- O paciente com Hb=9,0 pode realizar exercício? Em que intensidade? E aquele com plaquetas de 30mil?

4- Como reabilitar uma fratura vertebral secundária a metástase de câncer de próstata?

5- Como tratar um paciente com linfoma que apresentar marcha instável (sem lesões na imagem do neuro-eixo)?

6- Como reabilitar um paciente com metástase cerebral?

A área é extremamente diversa. Outros exemplos de atuação incluem:

  • Fadiga oncológica.
  • Dor (musculoesquelética, oncológica, por desuso, neuropática, pós-operatória, etc.).
  • Linfedema.
  • Ortetização (coletes para Fx de coluna, “braces” para acometimento periférico).
  • Neuropatia pós-QT (tanto na redução de dor quanto na melhora de equilíbrio e função).
  • Síndrome de fibrose radiação-induzida.
  • Programação de reabilitação pré ou pós-operatória (incluindo em ambiente de UTI).

Sobre o autor: Dr. Victor F. Leite – Cancer Rehabilitation Fellow no Memorial Sloan-Kettering Médico e Fisiatra formado na Universidade de São Paulo.

Obs.: Esse post demonstra uma opinião pessoal e não tem relação com a instituição a qual sou afiliado.

 

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