Avaliação da segurança/tolerância da combinação capivasertibe + inibidor de CDK4/6 + fulvestranto em câncer de mama avançado RH+/HER2- Oncologia Brasil

Avaliação da segurança/tolerância da combinação capivasertibe + inibidor de CDK4/6 + fulvestranto em câncer de mama avançado RH+/HER2-

5 min. de leitura

Neste vídeo, a Dra. Débora Gagliato, Oncologista Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta sobre a análise atualizada da Fase IB do estudo CAPitello-292, que demonstrou que a combinação do inibidor de AKT capivasertibe + do inibidor de CDK4/6 palbociclibe + fulvestranto foi tolerável em pacientes com câncer de mama avançado RH+/HER2 fortemente pré-tratados, e os efeitos adversos foram compatíveis ao perfil de segurança conhecido dos tratamentos individuais. Acesse e confira na íntegra! 

Durante o San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS)® de 2023, E. Hamilton do Sarah Cannon Research Institute (SCRI) apresentou os resultados atualizados da Fase Ib do estudo CAPitello-292 (NCT04862663) que avaliou a combinações do capivasertibe + palbociclibe ou ribociclibe + fulvestranto em câncer de mama avançado (CMA) receptor hormonal positivo (RH+) e receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano negativo (HER2) inoperável ou metastático.  

A terapia endócrina (TE) é a base do tratamento de primeira linha para câncer de mama avançado RH+/HER2, e pode vir associada, muitas vezes, com inibidor de aromatase e inibidor das quinases 4 e 6 dependentes de ciclina (iCDK4/6). Um dos problemas deste tipo de terapia é a resistência que é desenvolvida em quase todos os pacientes com doença avançada. Vários mecanismos de resistência foram identificados, incluindo alteração da via PI3K/AKT. Os resultados do estudo de Fase III CAPItello-291 (NCT04305496) demonstraram que o uso do capivasertibe (potente inibidor das três isoformas de AKT) juntamente com fulvestranto (inibidor seletivo do receptor de estrogênio) melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) quando comparado ao placebo + fulvestranto em pacientes com CMA RH+/HER2- resistente aos inibidores de aromatase. Esses resultados indicam que a inibição simultânea das vias AKT e CDK4/6 pode atrasar a resistência ao CDK4/6i ou re-sensibilizar os tumores a TE combinada com iCDK4/6, levando a melhores resultados clínicos. 

Com base nessas evidências, o estudo de fase IB/III CAPitello-292 tem como objetivo avaliar a eficácia, segurança e o grau de benefício adicional de Capivasertibe (C) combinado com iCDK4/6 (palbociclibe [P] e ribociclibe [R]) e fulvestranto (F) em participantes com câncer de mama HR+/HER2- localmente avançado (inoperável) ou metastático. Os dados de Fase Ib do CAPItello-292 apresentados são referentes as seguintes doses planejadas: C – 200 mg, 320 mg, 400 mg; P – 75 mg, 100 mg, 125 mg; R – 200 mg, 400 mg, 600 mg; F – foi fixado em 500 mg a cada 28 dias + dose de ataque no ciclo 1 dia 15. As doses iniciais para C+P+F foram: C 320 mg BID, 4 dias ligado/3 dias sem; P 125 mg QD) por 21 dias de cada Ciclo de 28 dias. As doses iniciais para C+R+F (em andamento) são: C 400 mg BID, 4 dias ligado/3 dias sem; R 400 mg QD por 21 dias de cada ciclo de 28 dias. A dose recomendada de Fase 3 (RP3D) de C+P+F foi determinada (C 400 mg duas vezes ao dia, 4 dias ligado/3 dias sem; P 125 mg; F 500 mg). Foram elegíveis os pacientes com CMA RH+/HER2 com ≥1 TE prévia no cenário avançado ou recorrência da doença dentro de 12 meses após a conclusão do TE (neo)adjuvante. O uso prévio de iCDK4/6 e degradadores seletivos de receptores de estrogênio e quimioterapia foi permitido na Fase Ib. Os desfechos primários da Fase Ib: avaliar a segurança/tolerabilidade e confirmar RP3D. A resposta objetiva e as taxas de benefício clínico (24 semanas; RECIST v1.1) também foram avaliadas. 

No ponto de corte dos dados (21 de abril de 2023), 40 pacientes (idade mediana: 58,5 anos [38 – 82]) fortemente pré-tratados (82,5% iCDK4/6 anterior; 47,5% F anterior; 70,0% quimioterapia anterior [mediana 1,5 linhas]) foram tratados com C+P+F. Não foram observadas novas toxicidades limitantes da dose (TLDs) desde a determinação do RP3D. Os eventos adversos (EAs) mais frequentes que ocorreram em >40% dos pacientes foram diarreia (70,0% [28/40]; 1/28 grau [G] ≥3), neutropenia (55,0% [22/40]; 20/22 G≥3), fadiga e náusea (ambos 42,5% [17/40]; todos G1/2). Hiperglicemia ocorreu em 17,5% (7/40) pacientes (1/7 G3). Não foram identificadas mortes relacionadas com o tratamento ou novos riscos de segurança. No RP3D, a duração mediana (intervalo) da exposição ao C foi de 8,6 meses (1,7 – 14,1); 5/8 pacientes com doença mensurável no início do estudo tiveram resposta parcial confirmada (taxa de resposta objetiva: 62,5%; IC95% 24,5 – 91,5). Dois pacientes adicionais tiveram doença estável ≥7 semanas como melhor resposta objetiva. Às 24 semanas, a taxa de benefício clínico foi de 53,8% (7/13; IC95% 25,1 – 80,8). A inscrição no C+R+F está em andamento: até 05 de maio de 2023, 8 pts haviam sido dosados (6/8 pts haviam completado o ciclo 1). Com base na revisão clínica e de segurança, o comitê de revisão de segurança endossou o aumento da dose para o nível de dose mais alto de R; nenhuma TLD foi relatada até o momento.  

Os autores concluíram o trabalho ressaltando que a combinação capivasertibe+palbociclib+fulvestranto foi tolerável em pacientes fortemente pré-tratados com CMA HR+/HER2em todos as doses utilizadas. Os efeitos adversos foram esperados dado o perfil de segurança conhecido dos tratamentos individuais. Evidências de atividade clínica foram observadas em pacientes tratados com a dose recomendada para a fase III. Etapas de coleta da fase IB ainda estão em andamento. A análise preliminar de segurança da combinação com ribociclibe em vez de palbociclibe não sugere preocupações críticas de tolerabilidade; mais pacientes e um acompanhamento mais longo são necessários para caracterizar a segurança da combinação. 

 

Referências

  1. HAMILTON, E. et al. (2023). Capivasertib plus cyclin-dependent kinase 4/6 inhibitor and fulvestrant in hormone receptor-positive/human epidermal growth factor receptor 2-negative advanced breast cancer: updated Phase 1b analysis from CAPItello-292. San Antonio Breast Cancer Symposium 2023. ABSTRACT PS12-09
  2. Turner, N. C., Oliveira, M., Howell, S. J., Dalenc, F., Cortes, J., Gomez Moreno, H. L., … & Rugo, H. S. (2023). Capivasertib in Hormone Receptor–Positive Advanced Breast Cancer. New England Journal of Medicine, 388(22), 2058-2070.
  3. Jones, R. H., Casbard, A., Carucci, M., Cox, C., Butler, R., Alchami, F., … & Howell, S. J. (2020). Fulvestrant plus capivasertib versus placebo after relapse or progression on an aromatase inhibitor in metastatic, oestrogen receptor-positive breast cancer (FAKTION): a multicentre, randomised, controlled, phase 2 trial. The Lancet Oncology, 21(3), 345-357. 

© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou tratamentos.

Veja mais informações em nosso Aviso Legal

Conteúdo restrito para médicos, entre ou crie sua conta gratuitamente

Faça login

Crie sua conta

Apenas médicos podem criar contas, insira abaixo seu CRM e Estado do CRM para validação