Gestação após Câncer de Mama com Variantes BRCA: Perspectivas Promissoras de Viabilidade da Maternidade e Prognóstico  - Oncologia Brasil

Gestação após Câncer de Mama com Variantes BRCA: Perspectivas Promissoras de Viabilidade da Maternidade e Prognóstico 

3 min. de leitura

Estudo apresentado no SABCS® 2023 apresenta resultados de gestações bem-sucedidas após câncer de mama com variantes BRCA e impactos positivos na sobrevida específica e global

 

A gravidez após um diagnóstico de câncer de mama apresenta desafios significativos, especialmente para mulheres portadoras de variantes germinativas patogênicas/provavelmente patogênicas (PVs) nos genes BRCA1 e/ou BRCA2. Essas variantes acrescentam preocupações relativas à possível diminuição da fertilidade, risco de complicações durante a gravidez e o impacto no prognóstico associado ao câncer de mama. Um estudo apresentado durante o SABCS® 2023 trouxe resultados promissores sobre a possibilidade de gestação pós-diagnóstico e o prognóstico subsequente em mulheres jovens com PVs BRCA, diagnosticadas com câncer de mama invasivo em estágios I-III antes dos 40 anos.  

A pesquisa internacional, multicêntrica e retrospectiva, abrangeu 4.372 mulheres, das quais 659 (uma em cada cinco participantes) conceberam no período de 10 anos após o diagnóstico de câncer de mama. A taxa global de gravidez nesse intervalo foi de 22%, com taxas específicas de 18% para pacientes com receptor hormonal positivo (HR+) e 26% em pacientes com receptor hormonal negativo (HR-). Observou-se que as pacientes na coorte de gravidez eram mais propensas a possuir PVs em BRCA1, apresentavam diagnóstico de câncer de mama em idade mais jovem e tinham tumores com status nodal negativo e HR-.  

A análise revelou que a gestação após o câncer de mama em portadoras de BRCA não teve impacto adverso na gestação, com um tempo médio de 3,5 anos entre o diagnóstico e a concepção. A maioria das gestações foi bem-sucedida, com taxas de aborto e aborto espontâneo de 6,8% e 9,6%, respectivamente. Das pacientes que concluíram a gravidez, aproximadamente 78,5% a concluíram a termo (≥37 semanas), com uma porcentagem de gêmeos de 10,4%. A incidência de anomalias congênitas entre os nascidos foi de 0,9%. 

As participantes foram acompanhadas por uma média de 7,8 anos e, em termos de prognóstico, não houve diferença significativa na sobrevida livre de doença entre as coortes de gravidez e sem gravidez (HR 0,97). No entanto, as pacientes na coorte de gravidez apresentaram uma melhora significativa na sobrevida específica de câncer de mama (HR 0,53) e na sobrevida global (HR 0,52), indicando que a gestação não prejudicou o prognóstico das pacientes. 

Os dados detalhados sobre as taxas de gravidez, o desfecho das gestações e os desdobramentos no longo prazo refletem uma perspectiva otimista para mulheres jovens com PVs BRCA e diagnosticadas com câncer de mama invasivo em estágios I-III antes dos 40 anos. A ausência de impactos adversos significativos nos resultados fetais, aliada a uma melhoria na sobrevida específica de câncer de mama e na sobrevida global, destaca a resiliência das pacientes e a eficácia do cuidado médico. Essas conclusões sublinham a importância de incorporar tais descobertas nos processos de aconselhamento em oncofertilidade para informar e apoiar mulheres jovens que enfrentam o desafio de um diagnóstico de câncer de mama com predisposição genética e da busca pela maternidade. 

Referências

GS02-13 – Pregnancy after breast cancer in young women with germline BRCA pathogenic variants: results from an international cohort study. SABCS 2023. 

© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou tratamentos.

Veja mais informações em nosso Aviso Legal

Conteúdo restrito para médicos, entre ou crie sua conta gratuitamente

Faça login

Crie sua conta

Apenas médicos podem criar contas, insira abaixo seu CRM e Estado do CRM para validação