Os resultados do ensaio clínico de fase 3 IMerge demonstram que a terapia com imetelstat em pacientes com síndromes mielodisplásicas de baixo risco pode ser uma estratégia promissora no tratamento dessa população
Por muitos anos, não havia um padrão definido para o tratamento da síndrome mielodisplásica (SMD) de baixo risco na ausência da deleção 5q (del(5q)). A eritropoietina era comumente usada, especialmente em pacientes com níveis séricos de eritropoietina endógena abaixo de 200 U/L ou 500 U/L. No entanto, em pacientes com níveis séricos acima de 500 U/L, a resposta à eritropoietina exógena administrada por via subcutânea era muito baixa. Nesse contexto, novas terapias foram investigadas para essa população.
O imetelstat, um inibidor da telomerase, foi estudado em um ensaio prospectivo, randomizado e controlado por placebo em pacientes com SMD que não apresentavam a del(5q) e tinham necessidade transfusional. O desfecho primário foi a independência transfusional por pelo menos 8 semanas.
Resultados do Estudo
Apresentações anteriores já demonstraram que o imetelstat foi superior ao placebo em relação ao desfecho primário. Entre os pacientes que alcançaram independência transfusional, a duração mediana foi de 52 semanas no grupo imetelstat versus 13 semanas no grupo placebo. O aumento mediano de hemoglobina no grupo imetelstat foi de 3,6 gramas por decilitro, comparado a 0,8 gramas por decilitro no grupo placebo.
Entre os pacientes que mantiveram independência transfusional por mais de 24 semanas, a duração mediana dessa independência foi de 80 semanas no grupo imetelstat (para 33 pacientes) versus 78 semanas no grupo placebo (para apenas 2 pacientes).
Implicações dos Resultados
Esses dados de seguimento mais prolongado indicam que as respostas hematológicas obtidas com o imetelstat podem ser duradouras, permitindo que os pacientes fiquem sem necessidade de transfusões por um período prolongado. Não foi observada uma diferença na sobrevida geral neste estudo, o que não é surpreendente, considerando que se trata de um grupo de SMD de baixo risco. No entanto, as taxas de resposta com aumento de hemoglobina e a obtenção de independência transfusional foram significativamente superiores no grupo imetelstat, e esses resultados se mantêm ao longo do tempo.
Conclusão
Com isso, o imetelstat pode se tornar uma opção terapêutica viável para pacientes com SMD de baixo risco que apresentam anemia e necessitam de transfusões. O perfil de segurança do uso contínuo do imetelstat também tem se mostrado favorável, reforçando seu potencial como uma nova estratégia de tratamento para essa população.
Referências:
Santini,V., et al., Overall survival, clinical benefit, and durable transfusion independence with imetelstat in the IMerge phase 3 trial of red blood cell-transfusion dependent lower-risk myelodysplastic syndromes. Abstract nº S184. Disponível em: https://s3.eu-central-1.amazonaws.com/m-anage.com.storage.eha/temp/eha24_abstract_bodies/S184.pdf. EHA® 2024.
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