Estudo PERSEUS: Evidências científicas reforçam D-VRd + DR como novo padrão de tratamento - Oncologia Brasil

Estudo PERSEUS: Evidências científicas reforçam D-VRd + DR como novo padrão de tratamento

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Neste vídeo, o Dr. João Tadeu Souto Filho (CRM 738166-RJ), Médico Hematologista, Mestre e Doutor em Hematologia pela UFRJ e Professor de Hematologia na Faculdade de Medicina de Campos, apresenta os resultados do estudo PERSEUS

O PERSEUS é um estudo fase III, multicêntrico e randomizado, que recrutou pacientes de 18 a 70 anos, recém-diagnosticados com mieloma múltiplo e elegíveis ao transplante autólogo de células-tronco. Foram comparados dois protocolos – daratumumabe subcutâneo, bortezomibe, lenalidomida e dexametasona (grupo D-VRd) e, bortezomibe, lenalidomida e dexametasona (grupo VRd).¹

Todos os pacientes receberam quatro ciclos de 28 dias de indução com D-VRd ou VRd, seguido de transplante autólogo e dois ciclos de consolidação com D-VRd ou VRd. Na fase de manutenção, foi mantida a administração de daratumumabe e lenalidomina por pelo menos 24 meses para o grupo D-VRd, enquanto no grupo VRd a manutenção foi feita a partir da administração de lenalidomida até a progressão da doença.¹

Os pacientes foram monitorados por doença residual mínima (DRM) durante todo o estudo, e o status de DRM influenciou a continuidade da terapia de manutenção. O daratumumabe foi interrompido para pacientes do grupo D-VRd que atingiram resposta completa após 24 meses de manutenção e mantiveram DRM negativa sustentada por pelo menos 12 meses, sendo a manutenção seguida apenas com lenalidomida. Caso a suspensão do daratumumabe resultasse em perda do status de resposta completa sem progressão da doença ou positividade de DRM, a administração de daratumumabe era retomada. O desfecho primário do estudo foi a sobrevida livre de progressão, e os desfechos secundários foram a taxa de resposta completa ou melhor e taxa de DRM negativa.¹

No acompanhamento mediano de 47,5 meses, foi observado 58% de redução no risco de progressão da doença ou morte com D-VRd versus VRd. Em uma estimativa de 48 meses, 84,3% dos pacientes permanecem sem progressão da doença ou morte com D-VRd. As análises de subgrupos clinicamente relevantes, incluindo pacientes com estadio ISS III e pacientes com alto risco citogenético, também demonstraram benefícios superiores de sobrevida livre de progressão para o grupo D-VRd versus VRd.¹

As taxas de resposta completa ou melhor foram de 87,9% no grupo D-VRd versus 70,1% no grupo VRd. As taxas de DRM negativa também foram superiores no braço D-VRd, com 75,2% versus 47,5% para o grupo VRd.1 É válido destacar que no Congresso Internacional EHA® 2024, as atualizações apresentadas reforçam que as taxas de DRM negativa aumentaram ao longo do tempo e que foram mais altas com D-VRd + DR em comparação com VRd + R aos 12, 24 e 36 meses. Adicionalmente, a análise expandida de PERSEUS com base na presença de anormalidades citogenéticas de alto risco (HRCAs), incluindo ganho(1q21) e amp(1q21) favoreceu D-VRd + DR em comparação com VRd + R em todos os subgrupos de risco citogenético.²

Em relação aos dados de segurança, as principais alterações foram neutropenia (62,1% para o grupo D-VRd versus 51,0% para o grupo VRd) e plaquetopenia (29,1% para o grupo D-VRd versus 17,3% para o grupo VRd). Embora taxas mais altas de infecções e citopenias tenham sido observadas no braço D-VRd, a taxa de descontinuação do tratamento devido a eventos adversos foi menor no grupo D-VRd (8,8%) versus VRd (21,3%). Altas taxas de infecção foram observadas em ambos os grupos, no entanto é importante ressaltar que o estudo PERSEUS foi realizado durante pandemia de COVID-19.¹

A conclusão do estudo demonstrou superioridade no tratamento de primeira linha com D-VRd + DR em relação ao VRd + R para pacientes com mieloma múltiplo elegíveis ao transplante. Esses dados sugerem que o protocolo D-VRd seguido de manutenção com daratumumabe e lenalidomida pode ser considerado um novo padrão de tratamento para esses pacientes.¹,²

 

Referências:

1. Sonneveld P, Dimopoulos MA, Boccadoro M, et al: Phase 3 randomized study of daratumumab + bortezomib, lenalidomide, and dexamethasone (VRd) versus VRd alone in patients with newly diagnosed multiple myeloma who are eligible for autologous stem cell transplantation. Abstract LBA-1. 2023 ASH® Annual Meeting & Exposition. Disponível em: https://ashpublications.org/blood/article/142/Supplement%202/LBA-1/506512/Phase-3-Randomized-Study-of-Daratumumab-DARA.

2. Sonneveld, P., et al., Daratumumab + bortezomib/lenalidomide/dexamethasone in transplant-eligible patients with newly diagnosed multiple myeloma: analysis of minimal residual disease in the PERSEUS trial. Abstract S201 EHA® 2024. Disponível em: https://s3.eu-central-1.amazonaws.com/m-anage.com.storage.eha/temp/eha24_abstract_bodies/S201.pdf.

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