Análise dos resultados da combinação de mirvetuximabe soravtansina com carboplatina e bevacizumabe em pacientes com câncer de ovário sensível à platina FRα positivo - Oncologia Brasil

Análise dos resultados da combinação de mirvetuximabe soravtansina com carboplatina e bevacizumabe em pacientes com câncer de ovário sensível à platina FRα positivo

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Neste estudo, os autores apresentam resultados de um estudo de Fase 1b, multicêntrico, que avaliou a combinação de mirvetuximab soravtansina, um conjugado anticorpo-fármaco direcionado ao receptor de folato alfa (FRα), com carboplatina e bevacizumabe em pacientes com câncer de ovário recorrente sensível ao platino.  

 

O presente estudo abordou o tratamento de câncer de ovário recorrente sensível ao platino, uma condição clínica desafiadora devido às limitações das terapias disponíveis. mirvetuximab soravtansine (MIRV), um conjugado anticorpo-fármaco direcionado ao receptor de folato alfa (FRα), apresenta-se como uma nova estratégia terapêutica, especialmente para tumores que expressam FRα em altos níveis. Este estudo de Fase 1b teve como objetivo avaliar a eficácia e segurança da combinação de MIRV com carboplatina e bevacizumabe, explorando seu potencial como uma alternativa ao tratamento convencional para pacientes com essa condição. 

Foram inclusos 41 participantes com câncer epitelial de ovário, tubo de falópio ou peritoneal primário sensível ao platino, que haviam recebido entre 1 a 2 linhas de terapia prévia. Os pacientes receberam MIRV a 6 mg/kg de peso corporal ajustado, carboplatina a AUC5 e bevacizumabe a 15 mg/kg, todos administrados via intravenosa a cada 3 semanas. O tratamento com carboplatina poderia ser interrompido após 6 ciclos a critério do investigador, permitindo a continuidade de MIRV e bevacizumabe como terapia de manutenção. A elegibilidade foi determinada pela expressão de FRα, com ≥50% de células tumorais apresentando intensidade ≥2+ confirmada por imuno-histoquímica. Pacientes com neuropatia periférica de grau >1, distúrbios na córnea ativos ou crônicos, ou histórico de obstrução intestinal, entre outros, foram excluídos do estudo. 

Dos 41 participantes tratados, 83% apresentaram uma taxa de resposta objetiva confirmada, incluindo 9 respostas completas (22%) e 25 respostas parciais (61%). A duração mediana da resposta foi de 10,9 meses (IC 95%, 8,7–15,2), enquanto a sobrevida livre de progressão (PFS) mediana foi de 13,5 meses (IC 95%, 9,9–16,3). Quase todos os pacientes (98%) experimentaram regressão tumoral, independentemente dos níveis de expressão de FRα. Entre os pacientes que receberam apenas uma linha de terapia prévia, a taxa de resposta foi de 90% (IC 95%, 73–98), enquanto para aqueles que receberam 2 a 3 linhas de tratamento, a taxa foi de 67% (IC 95%, 35–90). No entanto, a taxa de respostas e o tempo de PFS foram similares entre os diferentes níveis de expressão de FRα, sugerindo eficácia do tratamento independentemente dessa variável. 

Todos os participantes relataram pelo menos um evento adverso relacionado ao tratamento, com os mais comuns sendo diarreia (83%), náusea (76%), fadiga (73%), trombocitopenia (71%) e visão turva (68%). A maioria desses eventos foi de grau 1 ou 2, mas houve casos significativos de trombocitopenia e neutropenia de grau ≥3, ocorrendo em 51% e 44% dos pacientes, respectivamente. Esses eventos foram os principais responsáveis por modificações de dose, sendo que 24 participantes (59%) necessitaram descontinuar algum medicamento do regime devido aos eventos adversos. As reações infusionais ocorreram em 4 participantes, e eventos oculares como visão turva e ceratopatia foram relatados em 68% e 49% dos casos, respectivamente, todos de grau ≤2. Dois óbitos ocorreram durante o estudo, um devido à sepse e outro à insuficiência respiratória aguda, ambos não relacionados ao tratamento. 

O estudo demonstrou que a combinação de MIRV, carboplatina e bevacizumabe é uma abordagem terapêutica promissora para pacientes com câncer de ovário recorrente sensível ao platino, com uma alta taxa de resposta objetiva e um perfil de segurança gerenciável. A trombocitopenia foi identificada como o principal desafio de segurança, sugerindo a necessidade de monitoramento rigoroso e possíveis ajustes de dose de carboplatina em futuros estudos. Estes resultados indicam que o regime pode ser considerado uma alternativa viável ao tratamento com quimioterapia convencional, especialmente para pacientes com alta expressão de FRα, e deve ser explorado em estudos subsequentes para otimizar sua eficácia e segurança. 

Referências: 

  1.   Richardson DL, Moore KN, Vergote I, Gilbert L, Martin LP, Mantia-Smaldone GM, Castro CM, Provencher D, Matulonis UA, Stec J, Wang Y, Method M, O’Malley DM. Phase 1b study of mirvetuximab soravtansine, a folate receptor alpha (FRα)-targeting antibody-drug conjugate, in combination with carboplatin and bevacizumab in patients with platinum-sensitive ovarian cancer. Gynecol Oncol. 2024 Jun;185:186-193. doi: 10.1016/j.ygyno.2024.01.045. Epub 2024 Mar 5. PMID: 38447347. 

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