Dr. Denis Jardim, médico oncologista e coordenador da Oncologia Clínica do Centro de Oncologia do Paraná (Oncoville), fez um balanço para o grupo LACOG-GU, a convite do Grupo ONCOLOGIA BRASIL, das sessões sobre tratamento de tumores uroteliais e de bexiga no segundo dia do Genitourinary Cancers Symposium, em São Francisco, Califórnia.
Guidelines idênticas
As sessões começaram com um resumo da guideline da ASCO que endossa as guidelines da Sociedade Europeia sobre os tratamentos dos tumores uroteliais localizados. Foi enfatizado que o padrão de tratamento para pacientes elegíveis à cisplatina com tumores músculo-invasivos envolve o uso de quimioterapia neoadjuvante baseado em cisplatina seguido de terapia local com cistectomia.
Segundo Dr. Jardim, as terapias de três modalidades acabam se apresentando como uma alternativa para os pacientes não elegíveis para cistectomia. Ainda dentro desse contexto, uma das principais questões abordadas foi que nem todos os pacientes se beneficiam do tratamento neoadjuvante antes da cistectomia.
Foram várias sessões que discutiram como melhor identificar o paciente que terá o real benefício do uso de uma terapia baseada no uso da cisplatina. “E cada vez mais a gente percebe que esses pacientes têm sido diferenciados baseados em marcadores moleculares, por exemplo, através da mutação de ERCC1, ou através de estudos que classificam os tumores uroteliais em subgrupos, conforme a expressão gênica.”
Para o especialista, é cada vez mais claro que alguns grupos específicos com os tumores padrão expressão basal like são aqueles que mais se beneficiam do uso de terapia neoadjuvante, com maiores taxas de sobrevida a longo prazo.
O convidado do ONCOLOGIA BRASIL acompanhou a apresentação dos resultados das apresentações orais, incluindo o estudo de fase III chamado POUT que avaliou a terapia adjuvante com platina para tumores uroteliais de trato alto. “Eram pacientes submetidos a nefroeterectomia em bloco, cuja patologia final poderia ser de PT 2 a PT 4 ou qualquer P com linfonodo positivo. Esses pacientes foram randomizados para observação para receber quimioterapia adjuvante baseada em platina. O diferencial é que esse estudo permitia o uso de carboplatina para pacientes com depressão de função renal”, explicou.
O estudo foi positivo em seu desfecho primário, que era sobrevida livre de doença, e mostrou redução de mais de 50% no risco de recorrência, sendo inclusive interrompido precocemente. Não foi possível identificar o grupo que poderia se beneficiar desse tratamento, “mas foi um grande avanço porque essa é uma população refém de tratamento que, quando recidiva a doença, costuma ter um prognóstico bastante adverso”, frisou Dr. Jardim, reiterando que esse foi um dos grandes highlights do dia.
Bexiga, dia cheio de novidades
Em relação ao câncer de bexiga, foi apresentado um interessante estudo quimio e radioterapia para doença localizada. Mostrou que combinações com cisplatina e fluoracil ou gencitabina, em baixa dose, são possíveis de serem realizadas durante a radioterapia com desfecho em três anos bastante razoável, sendo que menos de 25% dos pacientes apresentaram metástase.
Durante as keynote lectures uma das mais interessantes foi apresentada pelo Dr. Tom Powles. Ele resumiu os status de inibidores de PD1 e PDL 1 aprovados para tratamento do câncer de bexiga, comparando pequenas diferenças e eficácias entre eles. De acordo com o Dr. Jardim, “o resultado final é que são drogas ativas em torno de 20% a 22% dos pacientes com respostas prolongadas a longo prazo, e, nesses casos, ainda existe uma grande inconsistência do biomarcador como preditor de resposta”.
Confira abaixo o vídeo com o especialista:
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